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quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Filosofia, estilo de vida, putaria ou o quê?

Caso encontre algum termo desconhecido, recomendo a utilização do meu Glossário BDSM, que está dividido em 2 partes (vide links a seguir): Parte 1 e Parte 2.

Segue abaixo um texto escrito pelo meu querido Marco, quem eu considero meu "mentor não oficial". 
O texto foi postado por ele em alguns grupos próprios anteontem e eu tomei a liberdade de postá-lo na íntegra aqui.
Eu planejava escrever mais alguma coisa pra talvez complementar, mas sinceramente, não tem muito o que dizer sobre o assunto depois de ler este texto.
Divirtam-se.


"Certamente será útil a muitos de vocês, praticantes sérios.
- É quase um testamento, mas espero que leiam.
O resto vai me xingar, claro. Mas que fiquem a vontade. KKKK
'Era uma vez uma FILOSOFIA DE VIDA...
Ela estava lá, voando tranquilamente, até que avistou uma pessoa que se aproximava. Esta pessoa olhou para ela. Sorriu.
Paqueraram então por um tempo.
E daí, a filosofia de vida flutuou até a testa dessa pessoa, atravessou sua fronte e entrou em seu cérebro - passando então a interceptar muito do que ela via, ouvir, lia e até mesmo sentia em sua vida cotidiana - emitindo então suas opiniões sobre diversas coisas ao seu redor.
Dia após dia.
Pelo resto de sua vida.
Parece insólito...? Estranho até...?
Mas, este é o exato modus operandi de todas as filosofias de vida quando adotadas. Incluindo aquelas que eventualmente consistem em dogmas religiosos ou pensamentos políticos.
- TODAS darão suas opiniões sobre diversas coisas... Dirão inclusive o que é certo ou errado em vários aspectos.
E/ou como você deve encarar as coisas.
Daí altera seu comportamento.
- Tudo isso em relação ao mundo ao seu redor. (À sua vida!)
Exemplos de opiniões delas? Vamos lá:
"Animais são nossos irmãos e não devem ser mortos." - Budismo
"Ninguém deveria mandar em ninguém. O governo é podre." - Anarquismo
"O sistema e a monotonia devem ser combatidos." - Cultura Punk
"Nada tem grande sentido. Não espere finalidades" - Niilismo
"Importe-se acima de tudo com a função. O uso prático." - Pragmatismo
Etc... Etc...Etc...
Em resumo? Para entenderem o conceito?
Se altera sua visão do mundo ao seu redor, como um todo?
- Trata-se de uma filosofia de vida.
Para fazer um contraste?
O futebol....
Futebol é um esporte rico e proeminente em nossa cultura.
Com seus diversos times. Rende papo para rodas e rodas de bar.
Tem até gente que só pensa em futebol.
E, claro, o futebol tem suas "opiniões" também:
"Jogadores só usam os pés. O goleiro pode usar as mãos." - Futebol
Além disso? Futebol rende ótimas analogias. Citações.
"Cicrano é um craque!" "Beltrano é bola murcha!" Etc...
Mas...
Futebol não altera NADA em sua vida fora do que diz respeito à ele.
- E muito menos cria qualquer tipo de dogma, código de moral ou conduta que possa ser aplicada fora dele. Na sua vida.
Mais dois exemplos de coisas que NÃO são jamais filosofias de vida?
- BDSM e GOR.
Essas duas coisas podem ser - no máximo - ESTILOS de vida.
E quando o são, isso significa apenas que "você os pratica de forma majoritária".
Ou seja, que estão presentes entre suas práticas, costumes, etc... De várias formas.
- Mas que, assim como o futebol (que também pode se tornar um estilo de vida), só se aplicam de fato à si mesmos.
"Ah, mas eu sou Goreano e GOR, afirmo, é uma filosofia de vida!"
R: SÉRIO? Joga seu PC e seu celular fora então, porque em GOR o uso de tecnologias como essas é PROIBIDO, sabia? E não esqueça de vestir sempre roupas com as cores de sua casta. Todo dia. Beleza?
"Ah, mas BDSM é a filosofia de vida que eu sigo 24x7."
R: Legal! Show de bola! Você costuma assinar seus documentos como Fulano posse de Cicrano ou Lorde Beltrano? E seus parentes e colegas de trabalho, foram convidados para sua cerimônia de rosas?
Amigos? Entendam de uma vez por todas...
BDSM e GOR são práticas que tem seus costumes. Suas regras.
Seus detalhes. São imersivos a beça.
Chegam a ser subculturas extremamente ricas e diversificadas, com amplas comunidades de praticantes!
E neles, muita do que é tabu na sociedade se torna a norma.
- Havendo uma moral completamente distinta.
Mas...
Nada do que existe neles pode - e deve - ficar acima de sua visão do mundo de fora.
"Mas Marco, lá fora tem leis dizendo que sadomasoquismo é agressão ou tortura, dominação/submissão é escravidão, bondage é cárcere privado, etc.."
- Quase, camarada... QUASE...
Agressão e tortura - de fato - é quando uma pessoa fere a outra.
Sem o seu consentimento, sem seu aceite, sem se responsabilizarem. Sem qualquer justificativa e contexto inteligível sobre o ato...
Não fosse isso? Tatuagem, piercing, artes marciais, etc... seriam ilegais!
Dar um tapa em alguém engasgado? Resultaria em prisão!
E aquele professor de teatro xingando no ensaio da peça os seus alunos dentro dos papéis, responderia por injuria... Certo?
Escravidão? É quando uma pessoa é constrangida, intimada, intimidada ou obrigada de alguma forma a servir à outra. - Nada tem a ver com interpretação de papéis em um jogo erótico, aonde qualquer um interrompe a coisa se quiser.
Cárcere privado é quando uma pessoa restringe a movimentação de outra. Novamente? Sem o seu consentimento e sem que essa possa sair ou se soltar. - No bondage, é importante que o Bottom possa sair se ele quiser. (Seja com pedido, palavra de segurança ou acessório que tenha gatilho de liberação - que muitos possuem, principalmente algumas algemas de sex-shop.)
- No mesmo exato sentido, bungee jump, instrução de paraquedas, etc... não são cárcere privado, por mais que a pessoa esteja toda amarrada.
E o mesmo se aplica a um campeonato de escapismo.
Novamente? Não são as regras e o ponto de vista do BDSM que se aplicam sobre o mundo de fora - é de fato o inverso...
É essa a grande importância do C de consensual nas tríades, desde as mais antigas.
E, claro, do K de Kink (fetiche) nas mais extremas.
- São justamente o que traçam a linha entre o mundo de fora e o mundo de dentro, mas fazendo uma ponte entre a "regra de lá" que realmente importa aqui.
E, claro, quanto mais o mundo baunilha e o nosso entendermos o BDSM como "uma brincadeira sensual, erótica e/ou sexual entre adultos", e não como "uma filosofia de vida, para ser levada à ferro e fogo"?
- Melhor!
Mais coerentes, inclusive com as tríades, estamos sendo.
Capiche?' - Don Marco Aliguieri"

sábado, 22 de novembro de 2014

Principais tipos de bottom

Caso encontre algum termo desconhecido, recomendo a utilização do meu Glossário BDSM, que está dividido em 2 partes (vide links a seguir): Parte 1 e Parte 2.

Antes de mais nada, vai um pedido de desculpas pelo tempo longe do blog. A falta de tempo e a preguiça nas horas vagas me impediram de postar antes, hehehehe
Segue então mais uma singela contribuição sobre os principais tipos de bottom.
Deixo claro que existem vários outros e que as próprias definições aqui escritas podem - e com certeza tem - muitas diferenças e variedades, bem como definições próprias, de acordo com a experiencia e vivencia de cada um. Espero que gostem.


PRINCIPAIS TIPOS DE BOTTOM


O QUE É?

Segundo a definição do dicionário Merriam-Webster:

bot.tom  \’bä-təm \

1. parte mais baixa (de um contêiner, do mar), fundo
2. traseiro


No BDSM, bottom é o parceiro que assume o papel de recebedor das práticas, e.g. bondage, disciplina, humilhação, dominação, sadomasoquismo, etc.
O termo tem origem na comunidade gay, significando o parceiro receptivo, o que está por baixo.


O QUE FAZ?

Como a definição já conclui, o papel do bottom é receber as ações praticadas pelo Top.
De acordo com a enciclopédia online da London Fetish Scene, o bottom é, geralmente, o parceiro que dá as instruções, i.e., eles indicam ao Top o que pode acontecer e em que momentos podem acontecer. Isto pode sofrer variações em uma ampla escala de “quantidade de comandos recebidos pelo bottom”, que definirá sua classificação.

É importante ressaltar que NEM TODO BOTTOM É SUBMISSO AO TOP.


TIPOS DE BOTTOM


NO BONDAGE/SHIBARI(KINBAKU)

Os nomes podem variar de acordo com a ênfase no tipo de restrição.

Cativo – É a pessoa que está amarrada, acorrentada ou aprisionada.
Prisioneiro – É o termo preferencial em casos onde o foco seja o aprisionamento ao invés da contenção direta.
Vítima – É a definição dada em situações onde a ênfase é dada aos castigos sofridos pelo bottom contido.
Dorei – A tradução literal significa “escravo”. Dorei são bottoms do Shibari/Kinbaku, mas diferenciam-se dos bottoms do bondage na questão da servidão. Doreis pertencem ao Kinbakushi/shibarista e estão ali para servir ao propósito do artista das cordas, seja este qual for.

Nenhum destes termos significa que a pessoa está relutante ou de má vontade, ou seja, estes termos DEVEM SER APLICADOS APENAS em situações de CONSENSUALIDADE.



NA DISCIPLINA

Brat – A tradução literal de brat seria algo próximo de pirralho, no sentido pejorativo da palavra. No BDSM, brats são bottoms que têm por hábito responder, desafiar, serem consideravelmente desobedientes, mas sem  faltar com o respeito. Brats jamais se submetem. O Objetivo é ser subjugado. Ao contrário do que se pensa, não é uma busca por atenção, mas sim algo que poderia ser lido, de maneira mais simplista como um "Mande se puder. Conseguiu? Vamos ver por quanto tempo". O que é, aparentemente, uma péssima qualidade pra um submisso, pode, na verdade, divertir alguns Tops – dadas as devidas proporções – e ser um componente importante na relação envolvendo a troca de poder.


NA DOMINAÇÃO

Submisso – Também chamado pela forma abreviada “sub”, é um termo que define uma pessoa que abriu mão do próprio controle e se satisfaz com essa entrega. Submissos podem variar no grau de seriedade, treinamento e situação que assumem e se encontram. Pode ser motivado pelo alívio da responsabilidade, busca por uma sensação de segurança, tornar-se um objeto de atenção e afeição, excitação sexual proveniente de humilhação e até mesmo para demonstrar resistência e perseverança.
Também podem variar no aprofundamento da interação na play, na frequência das plays e até mesmo se consideram o papel de submissão uma questão de plays ou não.

É um termo que pode definir estritamente um bottom na relação de dominação e submissão ou pode ser utilizado de maneira mais generalista para situações variadas onde o bottom abdica dos direitos de tomar as próprias decisões. Todos os termos inclusos na categoria “Dominação” podem ser considerados submissos.

Alpha Sub – é uma posição que só pode existir quando um dominador tem mais de um submisso. Neste caso, o Alpha sub é o submisso a quem é garantido mais respeito e, consequentemente, um certo poder sobre os outros submissos. Geralmente é o submisso mais antigo, mas isso não é uma regra.

Escravo – O ponto extremo da submissão. É tido como “ponto de conhecimento geral” o fato de que, em comparação com subs, escravos entregam o controle mais amplamente ao Dono – ou Mestre. Escravos geralmente não têm, após a negociação, o direito de renegociar, bem como o controle da hora de forçar a barreira dos limites – estes são, por sua vez, definidos pelo dono.
Do ponto de vista do comportamento, escravos costumam ser privados de se sentarem ao mesmo nível do dono, mantendo-se geralmente ajoelhados ou sentados no chão, aos pés do dono.
É comum a citação de que escravidão é um estilo de vida e que escravos não o são por opção, mas por uma necessidade interna que só é saciada pela servidão inconteste.
Escravos geralmente não fazem uso de safeword, dando a concessão absoluta de controle para o dono.
Escravos também podem ser “classificados” (num sentido bem amplo da palavra) em categorias de função: utilitários e/ou sexuais. Sendo o primeiro, um tipo de escravo que realiza tarefas sem conotação sexual, independente da vestimenta – ou ausência da mesma – como escravos domésticos, que são o tipo mais comum e têm como tarefas básicas a manutenção da residência do dono, limpeza, etc. O segundo tipo, realiza tarefas puramente sexuais, sejam estas com o dono ou não, de acordo com a ordem deste, óbvio.
É importante salientar que escravidão não é, necessariamente uma Relação TPE (Total Power Exchange) e o escravo pode – ou não – residir com o dono, bem como pode – ou não – ter um trabalho fora do relacionamento, estudar, se manter e tomar conta das próprias finanças.
Cabe reforçar também que escravidão, no sentido basal da palavra, é terminantemente proibida por lei e rejeitada moralmente. Escravidão no âmbito do BDSM é um comportamento consensual, sendo vedado ao escravo o direito irrevogável de entregar a coleira e sair do relacionamento a qualquer momento (alguns consideram que este é o único direito real do escravo).

Pet – São considerados por alguns como um nível mais profundo de escravidão, onde o bottom abandona o comportamento humano e passa a agir como um animal. Os mais comuns são canídeos (cães, lobos, raposas), felídeos (gatos, tigres, leões) e equídeos (cavalos e pôneis). Este último pode ainda ser dividido em 3 categorias:
Pôneis de carroça – geralmente são atrelados a uma pequena carroça onde o dono se posiciona para ser puxador pelo pet.
Pôneis de montaria – São montados pelos donos e os levam – tanto sobre 2, quanto sobre 4 pernas – na parte posterior das costas ou nos ombros.
Pôneis de exibição – São apenas para exibição de vestimenta ou de adestramento.

SAM (Smat-ass masochist) – Literalmente, Masoquista espertinho. É o submisso que também é masoquista e exibe um comportamento ruim (e.g. sarcasmo, responder, desobedecer) de maneira a receber atenção e se fisicamente castigado posteriormente.

Baby e Little – São bottoms do infantilismo, uma subvertente do Age Play.
Enquanto Babies retratam, literalmente, bebês e usam fraldas, chupam chupetas, desenvolvem uma linguagem (ou falta dela) própria, Littles retratam crianças pequenas, geralmente acabam definindo para si uma idade específica e regulam seu comportamento de acordo com tal.


NO SADOMASOQUISMO

Masoquista - É alguém que gosta de sentir dor, geralmente num âmbito sexual. É um tipo de bottom que, quando exclusivamente masoquistas, se recusam a se submeter, buscando apenas a relação S/M. Masoquistas extremos apresentam uma fisiologia diferenciada quanto à descarga hormonal liberada durante as práticas que envolvem dor. Os níveis de testosterona tendem a cair vertiginosamente, enquanto a adrealina e endorfinas - que causam prazer e podem, literalmente, viciar - são liberadas volumosamente na corrente sanguínea, provocando um estado de euforia e prazer, assim como a percepção do ácido láctico na musculatura, que causa a mesma sensação de prazer de alguém que acabou de sair da academia.
Existem ainda outros hormonios, como serotonina e melatonina que podem ser liberados em situações emotivas ou estressantes, o que, quando bem trabalhado, pode ser uma forma de reforço positivo que levarão à busca pela repetição de tais sensações.


Segue abaixo um diagrama indicando, de maneira generalista, a posição e a “profundidade” de cada tipo de bottom.