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quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Impact play Warm up - Um adendo

Caso encontre algum termo desconhecido, recomendo a utilização do meu Glossário BDSM, que está dividido em 2 partes (vide links a seguir): Parte 1 e Parte 2.

Se você é mais detalhista, deve ter percebido que surgiu um novo botão na coluna aqui ao lado ------------------------------------->
Como todos sabem, a situação tá braba e escrever textos gasta um bom tempo (alguns podem levar mais de uma semana!) Então, se você gosta do blog (e acha que eu mereço), pode fazer uma doação e me ajudar a continuar postando e trazendo conteúdo de qualidade.



E aí, povo! Curtindo o blog? Curtindo a série "Impact Play"? (101, 102, 103)

Então, percebi que faltava um item IMPORTANTÍSSIMO em todos os textos que me passou batido (talvez pela obviedade), mas que, para muitos que estão iniciando é algo novo.



WARM UP ou AQUECIMENTO


No texto sobre Flogging eu citei na parte "Como usar um flogger", no item 1, que deve-se começar com um flogger leve para esquentar, mas não discorri sobre o assunto.

Pois bem, vamos lá!

Aquecimento é uma parte muito importante da sessão de Impact play. É normalmente tido como o momento em que o Top irá preparar o corpo do bottom para impactos mais fortes e intensos. No entanto, esse é apenas um dos objetivos.

O aquecimento é o que irá garantir que ninguém sofrerá demais logo de cara e que ambos os envolvidos entrarão no mesmo head space (popularmente conhecido como "estado de espírito").

É neste momento que o bottom irá se acostumar com o toque do Top, então vale tudo, passar as mãos pelo corpo do bottom, pequenas apertadas, beliscões suaves, tapas fracos... Nessa hora, deve-se gerar o maior contato possível para que o bottom relaxe a mente e prepare o corpo para o que está por vir.

Para parceiros de longa data, esse contato maior pode parecer um pouco exagerado ou, até mesmo, desnecessário, mas para parceiros novos, é perfeito para que o bottom se acostume com o Top.



LOW AND SLOW


Este é o termo em inglês para o início do spanking. Significa, literalmente, baixo e lento.

E o que isso quer dizer?

"Low" quer dizer que a intensidade dos golpes deve ser baixa no início, para evitar sustos, danos e lesões de longo prazo, além de não ser considerado nem um pouco prazeroso de forma geral (ok, tem quem prefira já começar sendo atropelado por uma cavalaria, mas são exceções).

"Slow" quer dizer que os movimentos devem ser mais lentos no começo, dando tempo para a absorção completa entre um golpe e outro.

Em uma sessão de impact play, isto pode ser visto claramente, ao notarmos o sangue vindo lentamente para a superfície da pele, deixando-a ruborizada (rosada, avermelhada).

Além de colocar todo mundo no estado de espírito da cena, o aquecimento ajuda a colocar cada um nos seus lugares e estimular uma sessão mais sensual, além de reduzir a chance de hematomas muito intensos (que muita gente evita por diversos motivos).



COMO AQUECER


Primeiro, um bom alongamento. Pra o Top, alongue principalmente os braços, as costas e o pescoço.
Para o bottom, se for rolar bondage, alongue bem o corpo todo. Se não for rolar, um alongamento rápido de pernas e costas já vai ajudar.

Comece com os toques (aqueles que eu citei ali em cima). Carícias, apertões no peito, costas e bunda, pequenas torções nos mamilos, uma pegada mais intensa na nuca... isso tudo vai acabar parecendo uma massagem (e serve no aftercare tb)

Tapas suaves misturados com os apertões já podem ser feitos.

Todo mundo molhadinho e durinho?




CAAAAAAAAAAALMA!

Agora vocês podem começar com os instrumentos de fazer marquinhas, mas comece LOW AND SLOW.
Os tapas podem ser mais fortes que antes, mas não exagerados. Se tiver mais de um flogger, comece com o mais suave e leve deles. Se tiver mais de uma chibata, use a mais macia. 

Use esses instrumentos como uma extensão do seu corpo e vá passando gradualmente das carícias e pequenos toques rápidos para toques mais fortes e menos carinhosos.

Pode mesclar uma sequencia de golpes suaves de um flogger leve com um tapa mais forte, ou vários tapinhas de chibata recheados de um esporádico golpe mediano com flogger. 

Vá reduzindo a quantidade de golpes suaves e aumentando os medianos. Mantenha os medianos e vá inserindo os fortes aos poucos.


Escalada gradual da intensidade


A chance de orgasmos nessa situação é incrivelmente alta, principalmente para masoquistas.

Alternar os movimentos e quebrar um pouco a ordem pode gerar surpresa e "baixar o clima" um pouco, aumentando a tensão e gerando aquela sensação de curiosidade no bottom.
Movimentos ritmados e repetitivos tendem a pôr o bottom em um "transe". Explore bastante essas possibilidades, mas fique atento ao bottom para que este não "se perca" e entre num clima ruim, o que iria acabar automaticamente com a sessão e potencialmente deixá-lo com medo do Top.

Fazendo tudo isso com carinho, cuidado e atenção, você, Top, garante que o bottom siga um caminho levemente inclinado em direção ao subspace/bottomspace/o-nome-que-você-quiser-dar/eu-chamo-de-Nárnia.

Dessa maneira, você, Top, se desgasta menos por estar aumentando gradativamente a intensidade muscular exigida, e vai se aquecendo também. Literalmente. (eu fico quase febril, suando mais que a bunda do capiroto no caldeirão do huck inferno)

Você, bottom, se tiver uma experiencia dessas, vai se sentir "subindo" pouco a pouco, até entrar naquele estado mental onde tudo o que está acontecendo se mistura e a noção de tempo se perde. Quando a confiança no Top existe e é alta, essa "perda de consciência" se transforma em uma entrega absoluta, deixando ambos em um head space magnífico.

Para o Top sádico, cuidado nessa hora para não entrar em Top space e perder a noção das suas ações. 

...

Se tudo deu certo, foi feito direitinho, todos estão bem, ao final da sessão, ambos estarão experimentando picos hormonais incríveis e vale MUITO a pena aquele banho de banheira seguido de um aftercare lento e bem carinhoso.

Tops, tenham sempre um chocolate na bolsa de acessórios para os bottoms. Isso ajuda a recuperar e estabilizar os níveis de serotonina do bottom.

Durante a sessão, não se esqueçam de beber água pra hidratar, principalmente se você, assim como eu, sua muito.



TERMINANDO A SESSÃO


Existem dois caminhos possíveis para encerrar a sessão. Um é terminar do jeito mais forte, intenso e impactante possível, onde se aumenta gradativamente como explicado ali em cima e se mantém no topo até a hora que ambos acharem que deve encerrar.


Queda brusca da intensidade ao terminar no clímax


O outro, é voltar pelo mesmo caminho que se foi, ou seja, reduzir lentamente a intensidade e velocidade dos golpes, alternando entre as variações, até chegar naquelas carícias de novo.


Redução gradual da intensidade ao fazer o caminho inverso



Ambos tem seus prós e contras.

No primeiro, a chance do bottom sofrer um drop imediatamente após a sessão é maior, visto que a produção dos hormônios que atuam nessas situações (vou fazer um texto sobre isso em breve, relaxa) é encerrada "no susto". Quando o corpo entender que não precisa mais produzir esses hormônios na velocidade e quantidade que estava produzindo, imediatamente são liberadas substancias que irão anular aqueles efeitos e aí, meu camarada... babau. É choro e tremedeira na certa.
Se você tem um bom relacionamento com o bottom, tem segurança para administrar essa situação e foi informado pelo bottom de que isso pode ser feito, cai pra dentro que é só alegria (e é um show à parte se for feito na presença de outras pessoas que sabem o que está acontecendo).

No outro caminho, todos esses riscos são minimizados e o Top acaba entrando automaticamente no aftercare, deixando o bottom deslizar para a calmaria de um jeito mais sutil. Muitos recomendam que pessoas inexperientes sigam este caminho, justamente para evitar riscos maiores. 

Eu gosto de ambos, já fiz de ambas as maneiras e foi bem legal dos dois jeitos. Cabe a cada um experimentar e se arriscar (sabendo os riscos que corre) com seu parceiro. Se você tem em mente todos os riscos e cuidados que deve ter, pegue seu bottom e vá se divertir.


É isso aí, pessoal.
Até a próxima!

quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Sobre Orgasmos

Caso encontre algum termo desconhecido, recomendo a utilização do meu Glossário BDSM, que está dividido em 2 partes (vide links a seguir): Parte 1 e Parte 2.

Se você é mais detalhista, deve ter percebido que surgiu um novo botão na coluna aqui ao lado ------------------------------------->
Como todos sabem, a situação tá braba e escrever textos gasta um bom tempo (alguns podem levar mais de uma semana!) Então, se você gosta do blog (e acha que eu mereço), pode fazer uma doação e me ajudar a continuar postando e trazendo conteúdo de qualidade.

Este texto é mais um de uma série de textos retirados resgatados de um blog de uma grande amiga minha que decidiu deixar o meio há algum tempo. Depois de uma busca feroz pela internet, consegui reencontrar a pessoa que, graciosamente me deu autorização de roubar transcrever os textos dela e fazer todas as alterações que fossem necessárias.

Então, vamos lá?

Ela traduziu este texto há algum tempo e achei que seria bem legal relembrá-lo. Está na integra como ela fez, com algumas correções de erros de digitação e uns adendos meus (marcados em azul, como estes primeiros parágrafos).

Divirta-se!

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Este é um texto encontrado no Fetlife, do qual gostei muito. Não é necessariamente kink ou baunilha, não é diretamente sobre nenhum tipo de fetiche, mas acho que é um bom alerta para casais que estão se descobrindo.

O usuário Mixtape_Heart tem uma série de artigos interessantíssimos sobre kink e sexo/práticas sexuais, e esse foi um dos que mais me chamou atenção por ser técnico porém com um lado emocional bonito. muito honesto. troquei mensagens com ele e consegui a autorização para traduzir e postar seu texto aqui no meu blog. espero que gostem tanto quanto eu. ainda traduzirei mais um, se assim for autorizado : )

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Guias Sexuais Infelizmente Necessários #2: Lá Vão Os Orgasmos 

Vamos então falar de algo que todos conhecem e amam: os orgasmos! Mais especificamente, a importância dos orgasmos enquanto parte de nossa percepção de uma experiência sexual específica.  
Antes de mergulharmos na questão, deixe-me esclarecer uma coisa: eu não vou dizer aqui que orgasmos são algo ruim. Quero deixar isso bem claro (ainda que eu mesmo não esteja certo de que quero um a qualquer custo). Não; o que estou dizendo é simplesmente que o foco excessivo no orgasmo como a coisa mais importante, essencial, em uma relação sexual pode nos levar a perder muitas experiências incríveis que aparecem no meio do caminho. 
De fato, nossa programação cultural aqui nos EUA (e também no Brasil!) nos ensina que falhar em dar ao parceiro um orgasmo significa que falhamos em nosso papel de parceiro sexual. E isso pode ser algo muito difícil de ser "desprogramado" em nosso cérebro, mesmo depois de reconhecer o orgasmo pelo que ele é, e mesmo depois de tentar romper com esse estigma. Mas libertar-se disso pode ser muito positivo e, desculpem a repetição de palavras, libertador. E vale a pena gastar seu tempo com isso. 
Então, um, dois, três, lá vou eu!  
O que um orgasmo mede? 
Ele mede que você e seu parceiro tiveram um. parabéns! 
O que um orgasmo não mede? 
Qualquer outra coisa, na verdade. um orgasmo não mede, necessariamente, se o sexo foi bom ou não, ou se a brincadeira foi boa; isso seria o mesmo que dizer que um bom prato principal no restaurante significa que o encontro foi bom. quero dizer, não é que o orgasmo possa diminuir o valor de uma noite, mas ele também não pode garantir que o encontro sexual foi completamente satisfatório (pelo contrário, ele muitas vezes serve apenas como compensação por um encontro mediano: "não foi lá essas coisas, mas pelo menos eu gozei"). 
Muitos de nós (talvez pessoas demais) já tiveram a experiência de atingir o orgasmo durante um encontro/sessão que não vinha sendo lá muito inspirador, e que mais parecia apenas uma função biológica, estimulação e um parceiro persistente em fazer o orgasmo acontecer. Ao mesmo tempo, aposto que muita gente consegue se lembrar de noites quentíssimas que não necessariamente envolveram orgasmos. ou, se envolveram, o momento do orgasmo não é o mais memorável daquela noite. 
Mais uma vez, não estou aqui advogando contra os orgasmos. ou dizendo que eles não podem ser a parte mais incrível de uma sessão. É óbvio que orgasmos podem ser sensacionais, plenos, íntimos e maravilhosos. Mas o que quero dizer é que eles não têm de ser a única coisa que causa tais sensações em um encontro sexual. 
  
A falta de orgasmo não significa que algo maravilhoso ficou faltando  
Antes de prosseguirmos, é importante mencionar que algumas pessoas têm muita dificuldade de atingir o orgasmo, ou que precisam de muito tempo e esforço para o atingirem. E um número significativo de pessoas não tem orgasmos nunca, seja por questões médicas ou por suas histórias pessoais, ou por aversão psicológica ou ainda por preferência. 
E, adivinha: muitas dessas pessoas adoram fazer sexo e participar de práticas sexuais com seus parceiros. eles aprenderam a extrair a alegria, a diversão, a excitação e a satisfação de outras fontes que não o alívio orgástico. E isso é perfeitamente ok. Não há nada necessariamente errado com isso. 
Como tudo mais que tem a ver com sexo e com brincadeiras sexuais, compreender como seu parceiro encontra prazer é parte essencial na hora de desenvolver essa conexão. Com ou sem orgasmos, e não importando o que isso representa pra eles, essa é uma informação que provavelmente será muito valiosa para você, para que você aprenda conforme a conexão dos dois vai aumentando. E, falando no que pode ou não fazê-lo gozar... 

"Aceito o desafio!" também não é a resposta mais adequada.  
Quando um parceiro lhe diz algo como "não consigo gozar com sexo oral" ou "eu raramente consigo gozar apenas com penetração", ou ainda "eu só consigo gozar quando estou vestindo uma máscara de Dalek (uma raça de personagens de "Doctor Who") e sendo asfixiada com spaguetti al dente por alguém vestido de Coringa fazendo cosplay de Fluttershy (personagem de "My Little Pony") ao som da trilha sonora do Show de Talentos de Inverno de "Garotas Malvadas" tocando ao fundo repetidamente", eles estão, geralmente, te dando informações muito úteis. 
Em geral, é porque eles sabem - provavelmente por experiência adquirida em relações anteriores - que você pode ficar confuso ou se perguntado se está fazendo algo de errado, já que não está conseguindo fazê-lo/a gozar com atividades que geralmente fazem a maioria das outras pessoas atingir o orgasmo. Então essas pessoas aprenderam a contar, logo de cara, que têm essa ou aquela "dificuldade", para evitar confusão e frustrações. 
O que elas não estão fazendo, definitivamente, é criando um desafio.
Não, não estão! Partir do princípio de que estão pode levar a dores de cabeça para os dois. Talvez você tenha a língua mágica que vai levá-la ao clímax quando nenhuma outra conseguiu mas existem chances iguais de que se fixar nessa questão e devotar toda a sua energia em tentar fazer aquilo acontecer vão te fazer perder outras oportunidades de dar prazer a ela de outras formas, que ela pode aproveitar muito mais. 
Outro problema em se concentrar demais nos orgasmos é o fato de que existem centenas de outras brincadeiras sexuais que não envolvem orgasmo. Falando por experiência própria, eu não costumo gozar com sexo oral, ainda mais se o parceiro/a for novo. isso não quer dizer que eu não goste de sexo oral! 
Mas também posso dizer, com base em minhas experiências pessoais, que quando um parceiro/a fica sabendo da minha incapacidade de atingir o orgasmo com sexo oral, e a partir daí assume a atitude de "aceito o desafio!" perante o meu apêndice inflável favorito, focado apenas em me fazer gozar com sexo oral, isso me faz ficar extremamente paranóico. Porque eu então sei que ele/a está dando muito duro para que eu tenha um orgasmo (sacou a piadinha?), e eu fico querendo atender a essas expectativas, mas aí começo a pensar demais, o que torna o orgasmo cada vez menos provável. 
Então minha cabeça começa a ficar cheia demais e de repente eu passei de aproveitar um momento gostoso a me preocupar com o fato de que meu parceiro/a pode ficar triste ou desapontado ou cansado se eu não gozar, e nada disso teria acontecido se eu não tivesse dito nada, ou se ele/a não tivesse me dito que ia insistir até que eu tivesse um orgasmo e ser a exceção de minhas experiências. Não quero com isso dizer que fico ressentido com eles ou nada do tipo, por favor. Só estou dizendo que o foco em tentar me fazer ter um orgasmo ao invés de apenas curtir a experiência sexual introduziu na dinâmica um fator que complicou toda a situação.  

Orgasmos são como flocos de neve. Flocos de neve grudentinhos.  
No fim, o importante é compreender que, mesmo dentre aqueles que têm orgasmos com facilidade, os orgasmos têm em uma variedade absurda de formas, e esperar que seu parceiro reaja como outros reagiram no passado é uma expectativa irreal. Uma mesma pessoa pode ter uma variedade de orgasmos diferentes com base em tipos diferentes de estímulos, em por quanto tempo foram estimulados, no local do encontro ou (naturalmente) dependendo do parceiro/a com quem estão. Algumas pessoas não conseguem gozar sozinhas, outras só conseguem assim. Para algumas pessoas, é fácil atingir o orgasmo, para outras a experiência é rara. 
Então, podemos dizer que o orgasmo é uma parte pessoal intensa da identidade sexual de cada um de nós. Algumas pessoas têm orgasmos como o maldito Batman - misterioso, imprevisível, quase uma lenda urbana. Outros têm orgasmos como o Foot Clan (ninjas inimigos das Tartarugas Ninja") - eles vêm em grupos, um seguido do outro, e não param de surgir até que você os acalme. Muitos de nós caímos em algum ponto no meio disso, como o Quarteto Fantástico, ou talvez um Fantástico, talvez dois, e aí vamos deitar em conchinha e dormir. 
Então pare e pense um pouco sobre os orgasmos que você já teve, se você já teve algum (e, se não teve, tudo bem!). Pense sobre o que te excita. Pense sobre as diferentes maneiras como você expressou essa descarga sexual no passado. Pense nas atividades que você gosta de fazer, nas atividades que te ajudam a chegar ao orgasmo, e também nas atividades que você adora mas que não te levam ao clímax, mas que gosta de fazer mesmo assim, porque te dão prazer.  
Existem boas chances de que sua lista seja bem extensa, e essa é apenas a sua lista. Adicione na conta alguns parceiros/as e suas próprias variações orgásticas a essa mistura, e você terá uma liga inteira de Superamigos para obter momentos de prazer intenso. 
Parece bom, não? 
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Grande grande aviso (não é?) Como qualquer post sobre sexualidade, e especialmente sobre algo tão pessoal quanto orgasmos, considere este post marcado com uma grande etiqueta "Os resultados podem variar". Tempere com sal a gosto. E - de novo, com sentimento - lembre-se que nada neste texto diz que orgasmos são ruins, ou que se dar a você mesmo, ou ao seu parceiro, um orgasmo não é uma coisa boa. De verdade! 
* Não, não vou parar de fazer piadas péssimas. Sim, eu sei que isso me torna uma péssima pessoa. 
** Isso ainda não significa que eu vou te atacar à noite. 
ATUALIZAÇÃO: Então, aparentemente, no fim das contas isso vai acabar virando uma série. Sinta-se livre para conferir outros posts no meu perfil, como este sobre a etiqueta adequada ao receber um boquete ou este sobre momentos sexuais grupais (textos do autor original). Além disso, se quiser seguir meus próximos posts, pode me mandar uma solicitação de amizade sem problemas. Divirta-se!



Gostaram do texto? O que vcs acham disso tudo? Concordam, discordam? Deixe seu comentário!

Até a próxima!

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

BDSM X Fetiche - Igual ou diferente?

Caso encontre algum termo desconhecido, recomendo a utilização do meu Glossário BDSM, que está dividido em 2 partes (vide links a seguir): Parte 1 e Parte 2.

Se você é mais detalhista, deve ter percebido que surgiu um novo botão na coluna aqui ao lado ------------------------------------->
Como todos sabem, a situação tá braba e escrever textos gasta um bom tempo (alguns podem levar mais de uma semana!) Então, se você gosta do blog (e acha que eu mereço), pode fazer uma doação e me ajudar a continuar postando e trazendo conteúdo de qualidade.



Uma breve reclamação introdução


O BDSM HueBR, cada vez mais, se mostra um poço de discussões sem sentido recheado de argumentos fracos, vazios e/ou sem sentido.

A cada dia, novos termos surgem, advindos de sabe-se lá onde, e mais e mais pessoas, novas e, (não) surpreendentemente, antigas no meio, acabam aderindo às novas modinhas que sequer seriam concebidas em um meio BDSM gringo.

Antes que alguém venha dizer que sou paga pau de gringo ou com um argumento pífio de que "a cultura BDSM se adapta a cada lugar", a resposta é simples: vá estudar (ou continue lendo o texto e reduza drasticamente a quantidade de material necessário na sua leitura). O BDSM é um só. Seus padrões e regras de comportamento são os mesmos em todos os lugares, podendo ser (aí sim) abrandados ou intensificados pela cultura local. Essas variações ocorrem na Etiqueta e em algumas formas de contato, visto que culturas diferentes tem hábitos diferentes (proximidade corporal ao conversar, toques, facilidade de adquirir intimidade com quem fala, etc.)

E vamos ao tema do post de hoje.



BDSM e Fetiche são a mesma coisa, um é parte do outro ou o que?


De umas semanas pra cá, essa discussão surgiu simultaneamente em vários grupos de discussão do BDSM, tanto no Whatsapp, quanto no Facebook. Felizmente o Fetlife está livre disso (ainda).



O que é?


Segundo o Dicionário Priberam:

fe.ti.che (do francês fétiche, do português feitiço)
Substantivo masculino
  1. Objeto a que é prestada adoração ou que é considerado como tendo poderes sobrenaturais = FEITIÇO
  2. Objeto, parte do corpo ou tipo de comportamento que provoca excitação sexual.

Ou seja, fetiche é tudo aquilo que serve pra deixar o mancebo de bilau em pé e a mocinha de calcinha molhada, seja uma roupa de couro, um sapato ou uma boa surra com cane.

Se você já sabe o que é BDSM, continue aqui. Se não sabe, vai lá nos meus 2 textos (BDSM 1 e BDSM 2) e depois volta pra cá.

BDSM é um fetiche?
Sendo curto e grosso: NÃO.

Então um BDSMer (um praticante de BDSM) não é um fetichista, certo?
ERRADO.

A sigla BDSM é o chamado termo guarda-chuva que consiste na união de 6 termos que representam atividades e padrões de comportamento consensual que causam excitação em quem os pratica.

Bondage - Fetiche por restrição. Restringir ou ser restringido por alguém;
Disciplina - Fetiche por obediência e punição. Aplicar punições corretivas e controlar as  atividades ou receber punições corretivas e ter as atividades controladas por alguém;
Dominação - Fetiche por subjugação. Exercer autoridade e influenciar alguém;
Submissão - Fetiche por ser subjugado. Sofrer influência e se posicionar sob a autoridade de alguém;
Sadismo - Fetiche por infligir dor e sofrimento. Provocar danos físicos e/ou psicológicos em alguém;
Masoquismo - Fetiche por dor e sofrimento. Receber danos físicos e/ou psicológicos de alguém.

Sendo assim, não se pode dizer que se tem um fetiche por BDSM, visto que não se enquadra na definição. BDSM não é um objeto, não é uma parte do corpo nem é um tipo de comportamento. No entanto, pode-se dizer que tem o fetiche por amarrar/ser amarrado por alguém, causar dor e sofrimento/ter dor e sofrimento causados por alguém, controlar ou dominar/ser controlado ou dominado por alguém.

Ah, mas Pedrinho falou que podolatria é BDSM.
Pedrinho come capim no café da manhã.

Juquinha falou que BDSMer não é fetichista e fetichista não é BDSMer.
Juquinha está errado. E certo.

Como vimos ali em cima, BDSM é um termo bastante amplo que engloba uma cacetada de coisas e acabou gerando ou absorvendo diversas subculturas e grupos, mas sempre envolvendo atividades que dão prazer. Sendo assim, podemos concluir que


BDSM É COMPOSTO POR FETICHES!!!


Logo, todos nós, praticantes de BDSM (ainda que seja apenas uma letrinha), somos pessoas que possuem fetiches e que praticamos aquilo que nos dá prazer, ou seja: TODOS NÓS, PRATICANTES DE BDSM, SOMOS FETICHISTAS.

Porém, deve ficar bem claro e óbvio (menos para aqueles com o Q.I. de um paramécio) que nem todo fetichista é um praticante de BDSM. E isso é uma simples questão de lógica.
Aqui vai um desenho pro paramécio entender:






Fetiche X Parafilia


Existem pessoas que diferenciam fetiche e parafilia, como se um fosse saudável e o outro não.

Fetiche é, como já vimos, uma forma de obtenção de prazer baseada em objetos, atividades ou partes do corpo diferentes das genitais.

Parafilia é, segundo o Dicionário Priberam:

pa.ra.fi.li.a (para- + -filia)
Substantivo feminino
  1. Designação genérica para comportamentos sexuais que se desviam do que é geralmente aceite pelas convenções sociais, podendo englobar comportamentos muito diferentes e com diferentes graus de aceitabilidade social.


Ora bolas, então ambos são iguais!
Sim!

Então por que falam que um é saudável e o outro não?
Porque parafilia é um termo mais formal, geralmente usado na medicina e, já que médicos falam disso, muita gente automaticamente presume que é uma coisa ruim.

Seguem exemplos para facilitar.

1- Renata gosta de beijar pés e lamber sapatos alheios até eles reluzirem. Renata é uma podólatra que também curte boot blacking. Se nada além disso (exceto as atividades sexuais "padrão", óbvio) a excita, ela é uma fetichista.

2- Carlos gosta de mandar e estipular padrões de comportamento para a pessoa com quem se relaciona.
Carlos é um dominador que gosta de protocolos e rituais (leia-se LITURGIA), sobre os quais falo aqui. Se nada além disso (exceto as atividades sexuais "padrão", óbvio) o excita, Carlos é um BDSMer.

3- Karmen gosta de lágrimas. Ela fica extremamente excitada quando vê alguém chorando. Karmen é dacrifílica. Karmen é fetichista.
Karmen também gosta de provocar dor nos outros e fica de pernas bambas quando produz hematomas no seu parceiro. Karmen é sádica. Karmen é BDSMer.
Karmen é ambas as coisas.

4- Raul gosta de balões de festa. Ele quase explode a cueca de tanta felicidade quando pega um balão, alisa, cheira, lambe e se esvai sozinho quando um balão estoura. 
Raul não consegue ficar excitado de jeito nenhum se não tiver um balãozinho por perto. Raul tem um fetiche que se tornou prejudicial ao seu desempenho sexual normal e precisa encontrar um profissional de saúde mental para tratamento adequado.


Mas tio, então cê tá dizendo que fetiche é uma coisa que é obrigatória pra alguém ter tesão?
Não, minha pequena criaturinha desprovida de inteligência. Volte aos três parágrafos da Renata, do Carlos e da Karmen e repara na frase "exceto as atividades sexuais 'padrão', óbvio".

Isso quer dizer que fetiches ou parafilias são formas de obtenção de prazer diferentes das consideradas padrão. Parafilias/Fetiches são consideradas inócuas, inofensivas, exceto no ponto em que Raul chegou, quando esta forma de obtenção de prazer se torna a única, suprimindo, inclusive, a estimulação genital.

Neste caso, a capacidade de excitação sexual de Raul de forma fisiologicamente natural está prejudicada, ou seja, a saúde de Raul está prejudicada e, portanto, deve ter sua causa investigada e tratada.

Vale ressaltar que os indivíduos que apresentam assexualidade (pouca ou nenhuma excitação sexual ou interesse por atividades sexuais) não se enquadram neste caso por ser uma das variações de orientação sexual existentes, junto com a heterossexualidade, homossexualidade, bissexualidade e pansexualidade.


Fetiche X Kink


Há ainda os seres abissais que, do alto de seu deprimente (e falso) conhecimento da língua inglesa, cismam em tentar diferenciar fetiche de Kink. Se você leu as bases do BDSM no meu primeiro texto sobre o que é o BDSM, deve ter reparado na palavra "kink", traduzida como "perversão, depravação, desvio do comportamento considerado normal".

No Google Tradutor, você vai encontrar várias traduções possíveis, entre elas, "esquisitice".
No Bab.la (tradutor), você vai encontrar "kinky" como "pervertido, bizarro (sexo)"

Imagem relacionada
Se você não tem uma memória igual à Dory de "Procurando Nemo", deve ter percebido que se Kink é algo depravado, pervertido, bizarro, que foge, que desvia do comportamento padrão, fetiche e kink são a mesma coisa, né?


Então, se eu tivesse que resumir tooooooooooodo este texto em uma frase, seria:



Todo praticante de BDSM é um fetichista/parafílico/kinkster, mas nem todo fetichista/parafílico/kinkster é um praticante de BDSM.



Acho que é isso aí, galere. Que tal começar a usar aquelas coisinhas lindas chamadas neurônios e parar de falar bobagens por aí? Muita gente não tem tempo, paciência ou conhecimento de outras línguas para pesquisar em material estrangeiro (de onde nosso meio se originou) ou de outras fontes diferentes do Facebook (como eu faço em todos os textos que escrevo), então, parem de difundir informações errôneas à esmo por aí. 
Não fodam a mente dos outros porque isso não é consensual, belê?

Até a próxima!

quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Só um pouco mais de corda...

Caso encontre algum termo desconhecido, recomendo a utilização do meu Glossário BDSM, que está dividido em 2 partes (vide links a seguir): Parte 1 e Parte 2.

Se você é mais detalhista, deve ter percebido que surgiu um novo botão na coluna aqui ao lado ------------------------------------->
Como todos sabem, a situação tá braba e escrever textos gasta um bom tempo (alguns podem levar mais de uma semana!) Então, se você gosta do blog (e acha que eu mereço), pode fazer uma doação e me ajudar a continuar postando e trazendo conteúdo de qualidade.

Como todos sabem, uma das minhas paixões são as cordas e suspensões são meio que "o topo". Tudo aquilo que se aprende no solo é meramente uma preparação quando se trata de suspensão. Geralmente, as modelos são baixinhas, magrinhas e ultra flexíveis, resultando naquelas fotos espetaculares que mais parecem um contorcionismo aéreo. 

Infelizmente, o BDSM brasileiro é um meio, ironicamente, extremamente preconceituoso e mimizento (no mundo todo, na verdade, mas aqui é gritante). Esse grande preconceito acontece também quando se trata de suspensões com pessoas acima do peso e sempre rolaram olhares de espanto nas dezenas de suspensões que eu fiz em diversos eventos aqui no RJ, ao verem uma bottom gordinha sendo suspensa.


Primeira Suspensão

                  



Há algum tempo eu descobri no FetLife este texto magnífico, escrito há uns 5 anos atrás pela dolly2the4th vinha planejando traduzi-lo pra todo mundo ter a chance de ler e tomar aquele belo tapa de realidade na cara. Com um pouquinho de boa vontade e conhecimento suficiente, nada é impossível. Este texto vai emocionar vocês. Eu garanto.



Todas as fotos do post são minhas. Para ver as fotos da autora, clique no link ao final do texto para o post original.

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"Só um pouco mais de corda...


Foi o que Barak falou. Só um pouco mais de corda. Eu sabia que era possível, ou... provável. Não tinha tanta certeza. Mas eu queria tentar...

Entenda, eu sou uma garota grande. BBW. Era uma garota grande desde que tinha 6 anos. Isso são 32 anos sendo grande. Porra, isso não ia mudar tão cedo. Ainda não vai. Vários anos atrás, 6 anos agora (engraçado, 6 e 32 ficam surgindo nas coisas), eu decidi viver como eu queria viver. Fazer as coisas que queria experimentar. Fazer as coisas que eu tinha medo de experimentar. Aprender e conhecer pessoas e ir a lugares e ver o que aconteceria. Eu ficava tão entocada até então, bem, não completamente, mas eu ainda era bastante ingênua. Cometia alguns erros e me escondia no padrão casa escola e repeti por anos. Anos! Quando outros amigos estavam saindo, eu estava me escondendo. Mas não mais, foda-se tudo! Eu era uma garota grande e continuaria sendo uma garota grande e estava cansada de me esconder.

Então, isso deu início à minha exploração de pornografia e BDSM e todas as áreas pretas/brancas/cinzas no meio disso. Eu descobri que gostava de ser fotografada - nua mais que vestida. Eu tenho centenas agora. Eu descobri que gostava de sexo. Era DIVERTIDO (bem, a maior parte). Então eu descobri o BDSM... Eu gosto da dor e do prazer que ela causa. Eu gosto da capacidade de ceder o controle a alguém, mesmo que seja só um pouco. Eu gosto de poder explorar. Então, nesta jornada, eu aprendi que estou mudando constantemente. Minhas ideias sobre coisas que eu NUNCA faria agora são interesses meus, que explorarei em algum momento.

Em algum lugar/momento neste último ano e meio em que estou na comunidade de Columbus, eu quis ser suspensa. Cada foto que eu via, eu queria mais. Eu via pessoas voando em vários eventos. Sempre olhei com "invejinha". Nenhuma delas era grande como eu. Estas pequenas garotas, embora bonitas, podiam ser penduradas sem esforço por qualquer um a qualquer momento. E de novo, e de novo. Era bonito ver sua alegria. Mas eu queria. Eu queria aquilo. Então eu observava e desejava.

Muitos de vocês sabem, eu não peço cenas, pelo menos normalmente. Eu não vou implorar por cenas. Eu espero, observo e tenho esperança. "Me escolhe! ME ESCOLHE!" Mas isso sai da minha boca? Não, só fica ecoando na minha cabeça. Eu vejo os outros conseguirem o que eu quero e eu fico sentada e sorrindo. Não me entenda mal, eu não desejo o mal para eles nem invejo o prazer e alegria deles ou qualquer coisa que eles façam. Eu só quero sentir isso também. Então... de volta à questão da suspensão...

No começo deste ano, não posso precisar quando, eu me decidi. Eu queria ser suspensa como presente de aniversário, que seria em Junho. Todo mundo sempre me perguntava o que eu queria e eu nunca tinha nada em mente. Mas ooooooooooh, eu queria isso! Então, em maio, eu pedi. O que eu normalmente não faço. A resposta era um sim ou um não. O medo da rejeição era tããããããão grande. Um "não", especificamente dele, teria me destruído. Mas eu consegui meu sim. "Eu já suspendi garotas mais ou menos do seu tamanho. Só precisa de um pouco mais de corda." Então começou o jogo da espera. Quando?

Eu não sou boa em esperar. Isso é um eufemismo. Minha cabeça passa por todos os tipos de loucura quando estou esperando por algo, mas eu não demonstro muito isso. Pelo menos em público. Agora, pros meus amigos, desculpem, pessoal! Então, quando eu pensei que não fosse acontecer quando eu pensei que deveria acontecer, a loucura ficou mais louca ainda. Hoje, quando penso nisso, não era a hora certa. Ninguém estava com a cabeça no lugar certo, ou os planetas não estavam alinhados, ou qualquer outra coisa. Não era a hora certa. Sábado era a hora certa...

Agora meus pensamentos não serão muito lineares. Algumas coisas estão enevoadas, algumas estão claras como o dia. Mas eu quero te botar dentro da minha cabeça no "durante".

"Você está pronta?" As palavras que eu queria ouvir!!!! Excitação e pânico instantâneos. Era a hora certa! E estava para acontecer! PUTA MERDA! O que eu estava pensando? O suporte vai quebrar e eu vou ficar mortificada e isso e aquilo e isso e aquilo. Corre e pega meu protetor labial (a autora tem herpes labial, daí a preocupação, devido ao estresse). Espera, não tá aqui. Eu não trouxe. De novo. Mas eu vou fazer isso. EU NÃO VOU AMARELAR!

Então meu vestido é tirado. Relativamente nua numa sala com mais de 150 pessoas, eu acho. Não tem nada de novo. Então eles começam. "Então, o que eu estava pensando é que eu faço esse tipo de coisa de corda, e você faz aquela coisa e blablabla". Eu simplesmente não me lembro. As cordas aparecem e eles começam a trabalhar. Mãos em todos os lugares. A corda na minha pele. Os toques. As piadas. Os beijos. Fechando meus olhos e sentindo tudo. Sorriso do Gato de Cheshire (o gato de "Alice no País das Maravilhas"). Então, PÂNICO! O que diabos eu estava pensando? Eu não quero nada além de cordas me segurando. NÃO NÃO NÃO, você NÃO vai fazer isso com você mesma. FAÇA! Minha cabeça pode ser uma grande filha da puta quando ela não cala a boca. Mais cordas e mãos e sensações...

"Senta". Estava chegando a hora. Eu estava sentada enquanto as cordas estavam sendo amarradas nas minhas pernas e passadas pelo arnês. Eu ainda tenho as marcas de beliscões e de queimadura de corda desse dia. Eu ainda estava varrendo o pânico embora. Eu também notei, mas não muito, pessoas se juntando e assistindo. Eu não posso dizer quem ou quantos ou o que quer que estivesse acontecendo na sala. 2 homens aos meus pés (hehe), ambos por quem eu tenho um carinho imenso, usando cordas, suas mãos e conhecimento para fazer isto acontecer. Eu estou tentando com todas as forças não surtar com eles - apenas me tirem dessas cordas. Tentando não chorar. Eu estou assustada e excitada e tudo mais. Mas eu tenho fé neles.

"Consegue ficar em pé?" Então ou isso vai funcionar ou não vai. Obrigado por ser tão reconfortante! ...é hora. Então eu fico em pé... Agarrando as cordas com todas as minhas forças e levanto. Então eu ouço "Inclina pra trás devagar"...

Eu estava no alto.

Agora tantas coisas de uma vez só. Eu não lembro a ordem. Como tudo aconteceu. "Está doendo?" "NÃO!" Eu me lembro de estar maravilhada com o quão pouco isso machucava. "Você está voando, baby!" apenas o tom e a risada na voz do Barak. A risada do Monkey, explodindo como sempre. Respiro fundo e solto as cordas... inclino minha cabeça pra trás e meus braços pros lados... Eu sorrio e as lágrimas começam. Então algo incrível... Eu não sei se é algo que outros sentem, mas eu me senti leve e amor e felicidade explodiram de mim (sim, outras pessoas sentem. Letty fala a mesma coisa sempre). As pessoas estavam comemorando. Mesmo? Pessoas estavam aplaudindo e torcendo por mim? "Ela perdeu o cabaço" - A voz da Sheba por cima das outras vozes. "YAY!!!" A voz da Riesling. Lágrimas apenas escorrendo... Eu estava voando e as pessoas estavam torcendo por mim. Surreal...

Flutuando e voando e apenas sendo... meus olhos estavam fechados a maior parte do tempo. Eu beijei os dois e sussurrei um obrigado. Eu não tenho a menor ideia de quanto tempo eu estive lá em cima. Eu lembro de abrir os olhos e Barak se inclinar "Você é tão bonita..." Isso é uma coisa que eu continuo lembrando. O jeito que ele disse. Era real. Era sincero. Foi dito com amor.

Eu lembro de ter sido empurrada, para balançar pra frente e pra trás. Eu juro que a sensação era de estar em um balanço de varanda. Em algum momento, meu mamilo foi torcido e Monkey estava brincando com meus pés, o que me fez gritar com ele. Eu era um alvo fácil, afinal de contas... HAHAHA Alguém teve a ideia genial de me rodar. Eu tive a ideia idiota de fechar os olhos. Yeah... tonta!!!

Eu não me lembro porque eu disse que já era hora de me descer. Não estava doendo. Talvez porque a emoção de tudo aquilo estava começando a ser demais. Eles me baixaram em um cobertor que veio de algum lugar. E eu fiquei lá deitada por um tempo. As lágrimas não paravam. As mãos estavam sobre mim, removendo as cordas... e beijos... e toques... mais lágrimas. Eu sentei e tentei parar de chorar. Chorei mais forte. Eles dois acharam que tinha algo errado. Não, nada estava errado, tudo estava certo. Era difícil falar com as lágrimas quando eu sussurrei no ouvido do Barak... "Eu tô feliz..."

Tinha acabado, mas não tinha (Letty se sente assim também). A emoção não parava. Eu tinha que descomprimir. Então eu sentei e chorei enquanto Rey fazia carinho no meu braço. Eu não entendo porque eu tive essa reação. Eu ainda não entendo porque eu ainda estou tendo essa reação.

L. e eu fomos embora cedo. Normalmente a gente fica até o final, mas eu não conseguia fazer mais nada. Eu precisava dormir. O sono veio... felizmente os sonhos não. Geralmente, quando eu interajo com Barak eu sonho com ele. Desta vez, se eu sonhei, não me lembro. Eu lembro de acordar várias vezes chorando. Finalmente eu acordei. Saí da cama e abri o laptop para escrever meus agradecimentos (tradução ao final deste texto). Ainda chorando. Então as respostas começaram a vir. Mais lágrimas. Então a resposta do Barak. Eu apenas solucei. Eu não entendo como eu poderia ser aquela pessoa que ele descreveu. Eu apenas não sei. Mas eu toquei o coração das pessoas e elas tocaram o meu.

Já passou quase uma semana agora. O drop veio e foi. Eu conversei com várias pessoas e recebi suas energias e abraços. Eu estou melhor. As lágrimas estão menos frequentes, mas ainda estão aqui. Eu nunca pensei que esta experiência fosse ser tão poderosa. Nunca. Em nenhuma das vezes que eu pensei em ser suspensa. Nunca pensei que fosse significar tanto. Me afetar tanto. Uma das coisas que continuam voltando a mim... Quantas pessoas nunca conseguem experimentar a alegria que eu senti de estar lá em cima? Eu me sinto mal por todos aqueles que não podem ou não vão jamais se sentir daquela maneira. Será que a minha mãe se sentiu tão feliz assim antes de morrer? Eu espero que sim, eu realmente espero que sim.

Eu acho que isso tudo se resume a fazer o que você precisa, pedir o que você precisa, pra ser feliz. Eu sou tão grata por ter feito o que queria e por ter pedido o que queria. Eu sou tão grata por ter as pessoas que tenho na minha vida que me amam e que me ajudam a experimentar o que quer que seja. Eu sou tão grata por ter respondido a um e-mail um ano e meio atrás, quando minha vida estava caindo aos pedaços, que fez tudo isso andar. Eu sou grata.

Mesmo este texto não comporta tudo o que eu sinto. Parte disso não pode ser posto em palavras porque eu não sei quais palavras usar. Isso provavelmente não é tão eloquente quanto poderia ter sido. Oh, bem... essa sou eu.

3 de Janeiro de 2013
Estou atualizando isso um pouquinho. Eu adicionei os links para as pessoas que fizeram isso acontecer (links no texto original). Eu deveria ter feito isso antes, mas a vida estava no caminho. Eu também estou adicionando os nomes das pessoas que curtiram este post até agora. Eu finalmente limpei todas as notificações de e-mail do meu inbox.

Isto ainda traz lágrimas aos meus olhos. Foi uma noite muito especial. Me disseram ao longo destes poucos meses que isto inspirou muitas pessoas a buscarem suas alegrias, pedirem pelo que querem e dado esperança a elas mesmas. Eu nunca quis que esta cena se tornasse este empurrão para as pessoas, mas eu aprecio e amo o fato de ter feito isto por alguém. Também me foi dito  que esta cena tem um lugar especial nos corações das pessoas que estiveram lá e participaram. Algumas delas ficam com os olhos marejados quando contam a história para outras pessoas.

Eu apenas espero que minha experiência tenha trazido alegria para as vidas de outros que se inspiraram a buscar seu próprio caminho e felicidade.

27 de Junho de 2015
Já se passaram quase 3 anos agora desde que a cena neste texto aconteceu. É apropriado que eu agora tenha evidência de que o que eu digo é verdade.

Fotos da minha terceira suspensão - Rigger: PinkMynx auxiliado por _Rae_. Fotógrafo: Barak

Tenha em mente que nestas fotos eu estou pesando mais de 400 libras (+- 180Kg). Então, para todos aqueles que dizem que você é "muito grande" - 


FODAM-SE ELES!"


O post original contém diversas fotos da terceira suspensão dela. Como não tive resposta sobre a autorização para postar as fotos, para evitar exposição da autora, não vou postar as fotos fora do Fetlife. Quem quiser ver para ter a comprovação visual do relato,basta clicar no link.

No grupo do FetLife Adventures in Sexuality (AIS), no dia seguinte aos eventos relatados no texto, a autora criou um tópico de agradecimento. Segue a tradução:

"Noite passada foi um evento maravilhoso. (Ok, hora de fechar as cachoeiras pra poder enxergar e digitar).

EU VOEI! I me sinto maravilhosa! Eu sou uma garota grande, como vocês podem dizer, então meu tipo de corpo não é o que você vê em suspensões. Mas Barak e Monkey fizeram acontecer. Quando a cadeira foi removida e eu me inclinei para trás, eu senti o medo e o deixei ir. Eu soltei as cordas e estiquei meus braços... Alegria. Alegria Suprema. O que eu não esperava eram as comemorações e os aplausos. Me pareceu ser toda a sala. Eu ouvi as vozes dos meus amigos sobre as vozes de todos os outros porque eles sabiam o que isso significava para mim. Eu senti o amor de todos vocês que estavam assistindo.

Então, se você viu minhas lágrimas, não foi uma coisa ruim. Elas eram lágrimas de completa felicidade e amor.

Obrigada pela maravilhosa comunidade que estamos. Obrigada ao Barak, Sheba e todos os outros membros da equipe pelo que fizeram e continuam fazendo. Obrigada a todos que compartilharam comigo. 

Com amor, Dolly."

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Bom... é isso. Seque seus olhos aí (pq ninjas cortadores de cebola estão trabalhando aqui do lado), respira fundo, pensa no que quer e vai atrás. E não esquece de me contar!

Beijos e abraços e até a próxima!