Páginas

quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Sobre Orgasmos

Caso encontre algum termo desconhecido, recomendo a utilização do meu Glossário BDSM, que está dividido em 2 partes (vide links a seguir): Parte 1 e Parte 2.

Se você é mais detalhista, deve ter percebido que surgiu um novo botão na coluna aqui ao lado ------------------------------------->
Como todos sabem, a situação tá braba e escrever textos gasta um bom tempo (alguns podem levar mais de uma semana!) Então, se você gosta do blog (e acha que eu mereço), pode fazer uma doação e me ajudar a continuar postando e trazendo conteúdo de qualidade.

Este texto é mais um de uma série de textos retirados resgatados de um blog de uma grande amiga minha que decidiu deixar o meio há algum tempo. Depois de uma busca feroz pela internet, consegui reencontrar a pessoa que, graciosamente me deu autorização de roubar transcrever os textos dela e fazer todas as alterações que fossem necessárias.

Então, vamos lá?

Ela traduziu este texto há algum tempo e achei que seria bem legal relembrá-lo. Está na integra como ela fez, com algumas correções de erros de digitação e uns adendos meus (marcados em azul, como estes primeiros parágrafos).

Divirta-se!

-----------------------------------------------------------------------------------------

Este é um texto encontrado no Fetlife, do qual gostei muito. Não é necessariamente kink ou baunilha, não é diretamente sobre nenhum tipo de fetiche, mas acho que é um bom alerta para casais que estão se descobrindo.

O usuário Mixtape_Heart tem uma série de artigos interessantíssimos sobre kink e sexo/práticas sexuais, e esse foi um dos que mais me chamou atenção por ser técnico porém com um lado emocional bonito. muito honesto. troquei mensagens com ele e consegui a autorização para traduzir e postar seu texto aqui no meu blog. espero que gostem tanto quanto eu. ainda traduzirei mais um, se assim for autorizado : )

------------------------------------------------------------------------


Guias Sexuais Infelizmente Necessários #2: Lá Vão Os Orgasmos 

Vamos então falar de algo que todos conhecem e amam: os orgasmos! Mais especificamente, a importância dos orgasmos enquanto parte de nossa percepção de uma experiência sexual específica.  
Antes de mergulharmos na questão, deixe-me esclarecer uma coisa: eu não vou dizer aqui que orgasmos são algo ruim. Quero deixar isso bem claro (ainda que eu mesmo não esteja certo de que quero um a qualquer custo). Não; o que estou dizendo é simplesmente que o foco excessivo no orgasmo como a coisa mais importante, essencial, em uma relação sexual pode nos levar a perder muitas experiências incríveis que aparecem no meio do caminho. 
De fato, nossa programação cultural aqui nos EUA (e também no Brasil!) nos ensina que falhar em dar ao parceiro um orgasmo significa que falhamos em nosso papel de parceiro sexual. E isso pode ser algo muito difícil de ser "desprogramado" em nosso cérebro, mesmo depois de reconhecer o orgasmo pelo que ele é, e mesmo depois de tentar romper com esse estigma. Mas libertar-se disso pode ser muito positivo e, desculpem a repetição de palavras, libertador. E vale a pena gastar seu tempo com isso. 
Então, um, dois, três, lá vou eu!  
O que um orgasmo mede? 
Ele mede que você e seu parceiro tiveram um. parabéns! 
O que um orgasmo não mede? 
Qualquer outra coisa, na verdade. um orgasmo não mede, necessariamente, se o sexo foi bom ou não, ou se a brincadeira foi boa; isso seria o mesmo que dizer que um bom prato principal no restaurante significa que o encontro foi bom. quero dizer, não é que o orgasmo possa diminuir o valor de uma noite, mas ele também não pode garantir que o encontro sexual foi completamente satisfatório (pelo contrário, ele muitas vezes serve apenas como compensação por um encontro mediano: "não foi lá essas coisas, mas pelo menos eu gozei"). 
Muitos de nós (talvez pessoas demais) já tiveram a experiência de atingir o orgasmo durante um encontro/sessão que não vinha sendo lá muito inspirador, e que mais parecia apenas uma função biológica, estimulação e um parceiro persistente em fazer o orgasmo acontecer. Ao mesmo tempo, aposto que muita gente consegue se lembrar de noites quentíssimas que não necessariamente envolveram orgasmos. ou, se envolveram, o momento do orgasmo não é o mais memorável daquela noite. 
Mais uma vez, não estou aqui advogando contra os orgasmos. ou dizendo que eles não podem ser a parte mais incrível de uma sessão. É óbvio que orgasmos podem ser sensacionais, plenos, íntimos e maravilhosos. Mas o que quero dizer é que eles não têm de ser a única coisa que causa tais sensações em um encontro sexual. 
  
A falta de orgasmo não significa que algo maravilhoso ficou faltando  
Antes de prosseguirmos, é importante mencionar que algumas pessoas têm muita dificuldade de atingir o orgasmo, ou que precisam de muito tempo e esforço para o atingirem. E um número significativo de pessoas não tem orgasmos nunca, seja por questões médicas ou por suas histórias pessoais, ou por aversão psicológica ou ainda por preferência. 
E, adivinha: muitas dessas pessoas adoram fazer sexo e participar de práticas sexuais com seus parceiros. eles aprenderam a extrair a alegria, a diversão, a excitação e a satisfação de outras fontes que não o alívio orgástico. E isso é perfeitamente ok. Não há nada necessariamente errado com isso. 
Como tudo mais que tem a ver com sexo e com brincadeiras sexuais, compreender como seu parceiro encontra prazer é parte essencial na hora de desenvolver essa conexão. Com ou sem orgasmos, e não importando o que isso representa pra eles, essa é uma informação que provavelmente será muito valiosa para você, para que você aprenda conforme a conexão dos dois vai aumentando. E, falando no que pode ou não fazê-lo gozar... 

"Aceito o desafio!" também não é a resposta mais adequada.  
Quando um parceiro lhe diz algo como "não consigo gozar com sexo oral" ou "eu raramente consigo gozar apenas com penetração", ou ainda "eu só consigo gozar quando estou vestindo uma máscara de Dalek (uma raça de personagens de "Doctor Who") e sendo asfixiada com spaguetti al dente por alguém vestido de Coringa fazendo cosplay de Fluttershy (personagem de "My Little Pony") ao som da trilha sonora do Show de Talentos de Inverno de "Garotas Malvadas" tocando ao fundo repetidamente", eles estão, geralmente, te dando informações muito úteis. 
Em geral, é porque eles sabem - provavelmente por experiência adquirida em relações anteriores - que você pode ficar confuso ou se perguntado se está fazendo algo de errado, já que não está conseguindo fazê-lo/a gozar com atividades que geralmente fazem a maioria das outras pessoas atingir o orgasmo. Então essas pessoas aprenderam a contar, logo de cara, que têm essa ou aquela "dificuldade", para evitar confusão e frustrações. 
O que elas não estão fazendo, definitivamente, é criando um desafio.
Não, não estão! Partir do princípio de que estão pode levar a dores de cabeça para os dois. Talvez você tenha a língua mágica que vai levá-la ao clímax quando nenhuma outra conseguiu mas existem chances iguais de que se fixar nessa questão e devotar toda a sua energia em tentar fazer aquilo acontecer vão te fazer perder outras oportunidades de dar prazer a ela de outras formas, que ela pode aproveitar muito mais. 
Outro problema em se concentrar demais nos orgasmos é o fato de que existem centenas de outras brincadeiras sexuais que não envolvem orgasmo. Falando por experiência própria, eu não costumo gozar com sexo oral, ainda mais se o parceiro/a for novo. isso não quer dizer que eu não goste de sexo oral! 
Mas também posso dizer, com base em minhas experiências pessoais, que quando um parceiro/a fica sabendo da minha incapacidade de atingir o orgasmo com sexo oral, e a partir daí assume a atitude de "aceito o desafio!" perante o meu apêndice inflável favorito, focado apenas em me fazer gozar com sexo oral, isso me faz ficar extremamente paranóico. Porque eu então sei que ele/a está dando muito duro para que eu tenha um orgasmo (sacou a piadinha?), e eu fico querendo atender a essas expectativas, mas aí começo a pensar demais, o que torna o orgasmo cada vez menos provável. 
Então minha cabeça começa a ficar cheia demais e de repente eu passei de aproveitar um momento gostoso a me preocupar com o fato de que meu parceiro/a pode ficar triste ou desapontado ou cansado se eu não gozar, e nada disso teria acontecido se eu não tivesse dito nada, ou se ele/a não tivesse me dito que ia insistir até que eu tivesse um orgasmo e ser a exceção de minhas experiências. Não quero com isso dizer que fico ressentido com eles ou nada do tipo, por favor. Só estou dizendo que o foco em tentar me fazer ter um orgasmo ao invés de apenas curtir a experiência sexual introduziu na dinâmica um fator que complicou toda a situação.  

Orgasmos são como flocos de neve. Flocos de neve grudentinhos.  
No fim, o importante é compreender que, mesmo dentre aqueles que têm orgasmos com facilidade, os orgasmos têm em uma variedade absurda de formas, e esperar que seu parceiro reaja como outros reagiram no passado é uma expectativa irreal. Uma mesma pessoa pode ter uma variedade de orgasmos diferentes com base em tipos diferentes de estímulos, em por quanto tempo foram estimulados, no local do encontro ou (naturalmente) dependendo do parceiro/a com quem estão. Algumas pessoas não conseguem gozar sozinhas, outras só conseguem assim. Para algumas pessoas, é fácil atingir o orgasmo, para outras a experiência é rara. 
Então, podemos dizer que o orgasmo é uma parte pessoal intensa da identidade sexual de cada um de nós. Algumas pessoas têm orgasmos como o maldito Batman - misterioso, imprevisível, quase uma lenda urbana. Outros têm orgasmos como o Foot Clan (ninjas inimigos das Tartarugas Ninja") - eles vêm em grupos, um seguido do outro, e não param de surgir até que você os acalme. Muitos de nós caímos em algum ponto no meio disso, como o Quarteto Fantástico, ou talvez um Fantástico, talvez dois, e aí vamos deitar em conchinha e dormir. 
Então pare e pense um pouco sobre os orgasmos que você já teve, se você já teve algum (e, se não teve, tudo bem!). Pense sobre o que te excita. Pense sobre as diferentes maneiras como você expressou essa descarga sexual no passado. Pense nas atividades que você gosta de fazer, nas atividades que te ajudam a chegar ao orgasmo, e também nas atividades que você adora mas que não te levam ao clímax, mas que gosta de fazer mesmo assim, porque te dão prazer.  
Existem boas chances de que sua lista seja bem extensa, e essa é apenas a sua lista. Adicione na conta alguns parceiros/as e suas próprias variações orgásticas a essa mistura, e você terá uma liga inteira de Superamigos para obter momentos de prazer intenso. 
Parece bom, não? 
----------------------------------------------------- 
Grande grande aviso (não é?) Como qualquer post sobre sexualidade, e especialmente sobre algo tão pessoal quanto orgasmos, considere este post marcado com uma grande etiqueta "Os resultados podem variar". Tempere com sal a gosto. E - de novo, com sentimento - lembre-se que nada neste texto diz que orgasmos são ruins, ou que se dar a você mesmo, ou ao seu parceiro, um orgasmo não é uma coisa boa. De verdade! 
* Não, não vou parar de fazer piadas péssimas. Sim, eu sei que isso me torna uma péssima pessoa. 
** Isso ainda não significa que eu vou te atacar à noite. 
ATUALIZAÇÃO: Então, aparentemente, no fim das contas isso vai acabar virando uma série. Sinta-se livre para conferir outros posts no meu perfil, como este sobre a etiqueta adequada ao receber um boquete ou este sobre momentos sexuais grupais (textos do autor original). Além disso, se quiser seguir meus próximos posts, pode me mandar uma solicitação de amizade sem problemas. Divirta-se!



Gostaram do texto? O que vcs acham disso tudo? Concordam, discordam? Deixe seu comentário!

Até a próxima!

2 comentários: