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quinta-feira, 28 de maio de 2015

BDSM é sexy pra caralho, mas é um calmante também.

Caso encontre algum termo desconhecido, recomendo a utilização do meu Glossário BDSM, que está dividido em 2 partes (vide links a seguir): Parte 1 e Parte 2.

Tenho lido bastante coisa pelo Fetlife, tanto discussões em grupos quanto artigos e pensamentos escritos por usuários. Este de hoje é um texto traduzido de um dos melhores escritores do Fetlife: Innermind.
O texto original pode ser lido AQUI.



Uma coisa que não é muito falada sobre o BDSM é a paz que isso pode trazer. É claro, tem a violência, a troca de poder, a corda e mais corda e a corda em cima de tudo. Mas com tudo isso, existe uma paz profunda que pode afetar tanto os tipos D e os tipos s.
Na verdade, estou aqui deitado ao lado da minha Bela adormecida agora. Ela teve uma longa semana e meio que se forçou na vida privada para fazer muitas coisas e acabou se desgastando. Então ela já estava cansada antes de me encontrar na noite passada. Eu sabia disso e não joguei realmente pesado com ela por conta disso. Apenas uma brincadeira natural, fluida, orgânica na noite passada, que incluiu spanking e ela ser amarrada em posição fetal. Eu consegui levá-la ao subspace bem rápido e ela dormiu como um bebê depois da nossa curta cena.
Bem, hoje a exaustão dela ainda persistia e, após sairmos para comer e fazer compras no nosso dungeon local para seu bazar de primavera, empacotamos nossos novos brinquedos que havíamos comprado (flogger de cordas que é ardido pra caralho, algemas de couro, ball gag e uma coleira de sessão bem grossa) nós fomos para uma longa caminhada na Montanha Stone. Após isso tudo, voltamos para o hotel para relaxar antes de irmos para a masmorra hoje à noite.
Bem, ao chegarmos de volta no quarto, eu tinha novos brinquedos e é óbvio que eu gostaria de usá-los. Mas, mais importante, eu podia dizer que ela precisava se recompor desta semana. Então, com ajuda dos meus novos e dos velhos brinquedos, tivemos uma cena intensa que durou, talvez, 45 minutos, mas a levou a um subspace profundo e aliviou seu estresse lá onde quer que ela estivesse flutuando em seu bem estar pacífico.
Eu tive que guiá-la para a cama depois. Ajudá-la a beber água e prover um aftercare leve e carinhoso a ela. Eu olhei em seus olhos e ela estava longe em seu próprio lugar de paz e mal podia falar. Ela dormiu rapidamente e está descansando desde então.
BDSM pode ser sexy, bonito, intenso, violento, assustador, doloroso e extremamente significativo, mas também pode ser apenas sereno, tanto quanto qualquer um destes outros atributos. Não só para o bottom também, porque ter a possibilidade de libertar minha natureza sádica me faz me sentir calmo e no controle de mim mesmo. Agora estou deitado ao lado dela, enquanto ela dorme, e estou me sentindo calmo e em paz.

É estranho pensar que algo brutal possa ser algo pacificante, mas porra, é por isso que eu amo o que fazemos e não tenho vergonha nenhuma em fazê-lo.


Espero que tenham gostado. Até a próxima! 

sábado, 23 de maio de 2015

Preconceito no BDSM? Ironia, hipocrisia, falta de noção ou só humanidade?

Caso encontre algum termo desconhecido, recomendo a utilização do meu Glossário BDSM, que está dividido em 2 partes (vide links a seguir): Parte 1 e Parte 2.

Se não todos, a maioria de nós entra no BDSM e com a ideia de que finalmente encontramos um "lugar", um grupo onde não sofreremos preconceito com relação às nossas taras e desejos mais sujos e secretos.

Passa o tempo e percebemos que não é bem assim. Quanto mais conversamos com pessoas (virtual e pessoalmente), vamos descobrindo que, ainda aqui, no nosso cantinho seguro, o preconceito corre solto, com uma ferocidade ainda maior que no mundo baunilha, creio.

Existem alguns tipos de preconceito que acontecem e que são bem perceptíveis. O com os iniciantes, o com algumas práticas e os preconceitos "comuns" do mundo baunilha: racial, sexual e de gênero.

Vamos a uma breve elocubração sobre cada um.


Preconceitos do mundo baunilha:


Os debates sobre estes preconceitos já vêm sendo debatidos amplamente por pessoas com muito mais conhecimento que eu nestes pontos.

Preconceito Racial

Sério? É muito triste alguém achar, ainda hoje em dia, que cor de pele diz alguma coisa sobre alguém. 

Preconceito Sexual

Galere... vamos lá... BDSM é prazer, certo? Se o prazer de fulano é alguém do mesmo sexo, se isso não atrapalha a sua vida, por que, diabos, você tem que se meter no relacionamento alheio? Deixa a galera ser feliz, po...

Preconceito de Gênero

Sexismo hoje em dia? Num meio onde a troca de poder ocorre livremente, onde mulheres cedem poder a homens e homens a mulheres, onde homens cedem poder a homens e mulheres a mulheres, onde casais cedem o poder a um único indivíduo e um único indivíduo cede o poder a casais?
Tem muita coisa errada na sua cabeça se vc acha que alguém é inferior a alguém.


Preconceito com os iniciantes:


Todo iniciante - que se apresente ou identifique como tal, ou não - sofre um preconceito tremendo ao chegar no BDSM. Nunca consegui entender isso direito, já que todos os "não-iniciantes" dizem por aí que quanto mais gente melhor, é bom quberar a barreira do preconceito sofrido por todos pelo mundo baunilha e etc. Raramente se escuta algo diferente disso e, mais raramente ainda, afirmações contrárias vêm bem embasadas por algum argumento decente.

Vamos aos acontecimentos: 


Mulheres acabam sofrendo um pouco menos de preconceito no meio (feministas, segurem suas pedras nas bolsas, por favor). Não estou dizendo que não há preconceito com mulheres, mas que, no caso dos iniciantes, este fica menor (ou pelo menos mais velado) que o sofrido pelos homens.

Pois bem, bottoms iniciantes do sexo feminino ficam taxadas de "crias de 50 tons", mesmo que nunca tenham lido meia frase do livro e jamais tenham visto o filme. Automaticamente, se é sub e iniciante, é burra, sonhadora e se for tímida e educada, pior ainda. No fim das contas, acaba virando carne fresca pros predadores.

Tops iniciantes do sexo feminino são o "tipo" que menos sofre, salvo por uns "tops machos" que consideram mulheres em geral como inferiores. Mas ainda assim, muitas acabam sendo só consideradas vagabundas que chegaram pra se sentirem melhores que os outros, ou pra "se vingar" dos homens, os seres cruéis que as maltratam no mundo bau.

Bottoms iniciantes do sexo masculino acabam sempre caindo no quesito "cara babaca que só quer sexo fácil", e vira um "verme" na mão das Rainhas e Dommes mal intencionadas.

Aliado a um intenso preconceito por parte dos outros mais velhos por ser "competição nova", pelas Tops mulheres por ser "mais um Christian Grey" (mesmo que o cara tenha surgido antes do boom 50 tons, nem saiba do que se trata, seja feio de dar só, não tenha dinheiro pra comprar uma bala juquinha e seja mais burro que um pedaço de madeira mofada) e, finalmente, pelas bottoms mulheres por ser "mais um cara babaca que só quer sexo fácil e não sabe nem pegar num chicote", Tops do sexo masculino são as criaturas mais escurraçadas dentre os iniciantes (não, não estou puxando sardinha pro meu lado... falo do que vi e vivi - já li algo semelhante escrito por alguma mulher, se não me engano, Sisceris. Caso esteja errado, ou se alguém souber onde está essa fonte, por favor, me mandem o link pra eu ver se posso postar aqui.). Tops iniciantes do sexo masculino sofrem o estapafúrdio preconceito ATÉ pelos outros iniciantes.


Preconceito com as práticas:


Começo esta parte com um trecho de um livro considerado o mais repugnante de um dos autores mais controversos da história da literatura: "120 dias de Sodoma, ou A Escola da Libertinagem" de Donatien Alphonse François de Sade, o famoso Marquês de Sade.

"Agora, amigo leitor, prepara teu coração e teu espírito para o relato mais impuro já feito desde que o mundo existe, pois não há livro semelhante nem entre os antigos nem entre os modernos. Imagina que todo gozo honesto ou prescrito por esse animal de que não paras de falar sem conhecê-lo e a quem chamas de natureza, todos esses gozos, eu dizia, serão expressamente excluídos dessa coletânea e quando, porventura, os encontrardes, estarão sempre acompanhados de algum crime ou coloridos de alguma infâmia.

Sem dúvida, muitos dos desregramentos que encontrarás aqui retratados desagradar-te-ão; alguns entretanto aquecer-te-ão a ponto de te custarem porra, e isso nos basta. Se não tivéssemos dito e analisado tudo, como poderíamos adivinhar aqueles que te convêm? Cabe a ti tomar a uma parte e deixar o resto; um outro fará o mesmo; e, aos poucos, tudo encontrará seu devido lugar. Esta é a história de uma magnífica refeição em que seiscentos pratos diversos serão oferecidos a teu apetite;. Apreciarás todos? Não, sem dúvida! Mas esse número prodigioso ampliará os limites de tua escolha, e, encantado por esse aumento de faculdades, não te atreves a repreender o anfitrião que te presenteia. Faze o mesmo aqui: escolhe e deixa o resto, sem vituperar contra esse resto sob pretexto que não tem o talento de te agradar. Lembra-te que agradará a outros, e sejas filósofo.

Acerca da diversidade, estejas assegurado de que ela é precisa; estuda bem as paixões que te parecem assemelhar-se a outra sem a menor diferença, e verás que essa diferença existe e, por mais leve que seja, ela apenas tem esse refinamento, essa delicadeza que distinguem e caracterizam o gênero de libertinagem aqui tratado.
De resto, essas seiscentas paixões são ilustradas pelos relatos das narradoras; é mais uma coisa que o leitor deve estar informado. Teria sido monótono demais detalhá-las de outro modo e uma por uma, sem as integrar no corpo de uma narrativa."



E agora você se pergunta: "O que diabos esse cara quer dizer com isso?"




Quer dizer que as pessoas não sabem aceitar aquilo que não as agrada. Sade era um libertino, coisas que nós, BDSMers não somos, visto que não abusamos da liberdade, não transgredimos (ou pelo menos não devemos) transgredir o limite alheio (sem consentimento). No entanto, com atenção e cuidado, podemos trazer este trecho para o nosso estilo de vida, nossos gostos e, se pararmos pra observar, podemos entender como deveria ser o nosso comportamento em relação a outros praticantes do BDSM.


No começo do texto, poderíamos alterar algumas coisas e tornar isto não uma apresentação de livro que fala de crimes e crueldades, mas um alerta para quem adentrasse o BDSM. Vamos fazer umas alterações:

Agora, amigo praticante, prepara teu coração e teu espírito para vislumbrar alguns dos prazeres mais intensos do mundo, pois não há meio semelhante nem entre os caretas nem entre os libertários. Imagina que todo orgasmo simples já sentido ou provocado por esta força a que chamamos de natureza, todos estes orgasmos serão ultrapassados aqui e, quando os vir, estarão sempre associados a alguma prática.

Em seguida, apenas uma palavra precisa mudar. Troquemos "desregramentos" por "práticas" no começo do parágrafo e voilàhabemus BDSM. 
Sem dúvida, muitas das práticas que encontrarás aqui retratadas desagradar-te-ão; algumas entretanto aquecer-te-ão a ponto de te custarem porra, e isso nos basta. Se não tivéssemos dito e analisado tudo, como poderíamos adivinhar aqueles que te convêm? Cabe a ti tomar a uma parte e deixar o resto; um outro fará o mesmo; e, aos poucos, tudo encontrará seu devido lugar. Esta é a história de uma magnífica refeição em que seiscentos pratos diversos serão oferecidos a teu apetite;. Apreciarás todos? Não, sem dúvida! Mas esse número prodigioso ampliará os limites de tua escolha, e, encantado por esse aumento de faculdades, não te atreves a repreender o anfitrião que te presenteia. Faze o mesmo aqui: escolhe e deixa o resto, sem vituperar contra esse resto sob pretexto que não tem o talento de te agradar. Lembra-te que agradará a outros, e sejas filósofo.

Continuando, sobre a diversidade, duas pequeninas alterações:
Acerca da diversidade, estejas assegurado de que ela é precisa; estuda bem as práticas que te parecem assemelhar-se a outra sem a menor diferença, e verás que essa diferença existe e, por mais leve que seja, ela apenas tem esse refinamento, essa delicadeza que distinguem e caracterizam o gênero de prazer aqui tratado. 

Nesta última parte, voltamos a trocar "leitor" por "praticante.
De resto, essas seiscentas paixões são ilustradas pelos relatos das narradoras; é mais uma coisa que o praticante deve estar informado. Teria sido monótono demais detalhá-las de outro modo e uma por uma, sem as integrar no corpo de uma narrativa.

Juntando isso tudo, podemos concluir que o BDSM é um conjunto de práticas específicas, que aceita a "intromissão" de outras práticas vindas de outros grupos, mas que estas não devem ser confundidas como a mesma coisa.
São MUITOS os fetiches e devemos simplesmente escolher e aceitar os nossos, bem como aceitar os fetiches alheios como o que são: fetiches como os nossos. Se não são do nosso agrado, tal qual um produto no supermercado, devemos deixá-lo na prateleira, para que outra pessoa, a quem aquilo agrade, possa pegá-lo. 
As diferenças entre os fetiches existem, claro. Alguns são mais populares que outros, outros chocam menos, ou desagradam menos, mas ainda assim, todos são fetiches.
No fim das contas, sempre é válido lembrar que estamos tratando de pessoas aqui. Sentimentos, prazeres, instintos. Tratar de um fetiche como uma coisa inanimada ou isolada é desmerecer o prazer que pode causar a uma pessoa. É desrespeitar não somente aquela prática, mas também a quem a pratica e, sim, é um desrespeito com as próprias. A partir do momento em que um fetiche é jogado na lama por um BDSMer ou fetichista, TODOS são jogados juntos. 


"Ah, Rasputin, mas eu só gosto de um pouco de bondage e um spanking leve. Não sou obrigado a ver um cara vomitando na boca do outro!"


Calma, ninguém disse isso. Ninguém é obrigado a NADA, e por isso existe o bom senso de não praticarmos as coisas onde não temos como garantir a segurança/saúde/bem estar alheio. No entanto, não é por não gostar de uma coisa que podemos julgar quem as pratica ou até mesmo a prática em si.
Podemos e devemos SEMPRE questionar a segurança envolvida, mas NUNCA o prazer envolvido nela. 
Podemos não compreender os motivos que levam uma pessoa a se excitar com uma coisa específica, mas devemos compreender que aquele é o prazer de alguém, e poderia ser o seu. Usando as palavras de uma pessoa que eu adoro: "Por quê o meu fetiche é melhor que o de outra pessoa? Não é tudo fetiche?".

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Estamos todos aqui pelo prazer, pela liberdade, pela felicidade de podermos viver nossos desejos e é do ser humano ser crítico e ter ojeriza ao diferente. No entanto, temos que nos esforçar cada dia mais pra nos policiarmos e reduzirmos nossos preconceitos e aumentarmos nossas aceitações. 

Não precisamos passar a gostar de tudo, nem sequer aceitar que tudo aconteça onde estamos, menos ainda fazer alguma coisa num lugar onde sabemos que não seria adequado por ser algo muito exclusivista. Mas se vamos a um local onde aquilo pode acontecer, cabe a nós simplesmente ficarmos de boca fechada e aceitar caso aconteça. Ou sermos educados e nos retirarmos durante o acontecimento.

Enquanto grupo, já sofremos preconceito pelos baunilhas. Enquanto grupo, temos que nos unir pra sobrevivermos. 
O sexo "pesado" já foi banido na produção cinematográfica no Reino Unido e lá rola união.
E aí, vamos nos desunir pra sermos banidos aqui também?

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Needle play 101 - Brincadeira com agulhas? Sim, é possível!

Caso encontre algum termo desconhecido, recomendo a utilização do meu Glossário BDSM, que está dividido em 2 partes (vide links a seguir): Parte 1 e Parte 2.

Algum tempo atrás, obtive a permissão do solícito e gentil Peter Masters para traduzir um de seus artigos. Depois de muito tempo, consegui vencer a preguiça (e um pouco da falta de tempo) e segue abaixo o texto traduzido na íntegra (com as mesmas imagens, inclusive) de seu SITE. Tomei a liberdade de acrescentar, com texto de fundo amarelo, alguns detalhes que me foram úteis e, porventura venham a ser úteis a quem venha a ler e se interessar pelo assunto.


O que é?


Perfurações faciais.
Note o sangramento no quei-
xo, uma ocorrência comum
em áreas do corpo com mui-
tas veias ou artérias.
Needle Play /nidouplei/ (jogo de agulhas / brincadeira com agulhas), algumas vezes conhecido como piercing (perfuração), play piercing (jogo/brincadeira de perfuração), ou needlework (trabalho de agulhas), é uma forma de play BDSM envolvendo o uso de agulhas hipodérmicas (como as mostradas à direita) para perfurar a pele de um bottom. Isto pode ser feito para criar um efeito psicológico ou emocional, ou para criar padrões artísticos com as agulhas na “carne” do bottom. Normalmente, as perfurações são feitas em partes do corpo que se projetam naturalmente, como mamilos ou pênis, ou através da pele pinçada nos braços, pernas, peito, nádegas, barriga ou costas.

Ao fim de cada cena, as agulhas são removidas e, geralmente, após um curto período de tempo, o furos fecham e cicatrizam sem deixar nenhuma cicatriz.


Por quê?


Perfurações podem ter um efeito psicológico poderoso na pessoa sendo perfurada. Muitas pessoas tem medo de agulhas hipodérmicas. Ter estas agulhas atravessadas em sua pele pelo parceiro pode ser uma experiência bastante íntima, submissa e que inspira confiança. Como a dor envolvida é muito pequena ou inexistente, é algo que a pessoa sendo perfurada sentirá mais em nível emocional ou até mesmo “espiritual”, que em nível psicológico ou físico.
É também uma forma muito intensa e simbólica de penetração onde o Top “quebra” e entra na pele do parceiro.
Algumas pessoas também praticam o piercing para criar padrões no corpo dos parceiros com as agulhas. Isto pode ser similar ao Bondage Decorativo ou ao Branding, onde padrões são criados deliberadamente usando o bottom como uma tela. Fios de algodão colorido e cordões finos podem ser trançados ao redor das agulhas quando estas estiverem posicionadas, de maneira a adicionar cor e realçar os padrões. Fitas de cetim ou cordeletes finos também podem ser utilizados como complemento estético nestes casos. Um trabalho de agulhas bom e detalhado pode ser um exercício e uma demonstração da técnica e habilidade artística de um Dominante. Pode ainda haver um elemento de objetificação aliado à isso, quando o submisso é tratado apenas como uma tela para uso do parceiro.
Finalmente, o uso de agulhas de maior diâmetro ou calibre pode ser uma forma de Jogo de Dor.

  

As Agulhas


As agulhas utilizadas no needle play são, geralmente, agulhas hipodérmicas descartáveis, do tipo usado para injeções ou para extração de sangue. Em seu uso comum nas mãos de médicos e enfermeiros, estão normalmente conectadas à seringas – o aparato semelhante à um pistão que contém qualquer fluído que esteja sendo injetado ou retirado.
As agulhas devem ser descartadas após o uso e, normalmente, vêm em caixas de até 100 unidades, cada uma em seu invólucro estéril.
Um contêiner grande de perfurocortantes.
Note o símbolo de risco biológico. Estes
contêineres são desenvolvidos com uma
abertura no topo por onde agulhas usadas
podem ser colocadas. No entanto, uma vez 
dentro, as agulhas não podem cair para fora, 
mesmo que o contêiner vire de cabeça 
para baixo. O contêiner também é bastante
resistente e difícil de abrir.
Uma vez terminado o trabalho com cada agulha, a mesma deve ser depositada em uma caixa específica para perfurocortantes ou caixa de plástico com uma tampa.  Não devem ser postas em uma lixeira comum ou com outro tipo de lixo. Algumas doenças – como HIV e hepatite – podem ser difundidas através do contato com o sangue, então agulhas usadas devem ser dispostas de tal maneira que previna que outras pessoas que as manuseiem no futuro sejam picadas.

Agulhas de calibres diferentes, onde o
calibre é indicado pela cor do canhão plástico.










Agulhas hipodérmicas e caixas coletoras de perfurocortantes podem ser compradas em grandes farmácias ou através da internet. As mais comuns de serem encontradas, pelo menos aqui no RJ, são as Descarpack (acima, à esquerda).
As agulhas vêm em diferentes diâmetros (calibres) e diferentes comprimentos. Quando falamos de calibres de agulhas, quanto maior o número, menor o diâmetro. 17-Gauge /17-gueij/ ou 17G é, normalmente, utilizada para retirar sangue para doações sanguíneas, e é, provavelmente, muito grande para needle play, a menos que esteja querendo causar muita dor intencionalmente. Tamanhos próximos de 25G são mais comuns para needle play – os furos cicatrizam bem rápido e causam pouco desconforto. Agulhas 30G são tão pequenas que provavelmente sequer serão percebidas durante a inserção. Veja abaixo um quadro mostrando os tamanhos diferentes. Como os calibres de maior número são muito finas (ou delicadas) e são bastante frágeis, são disponíveis apenas em comprimentos menores para reduzir o risco de quebrarem conforme forem sendo inseridas.
Para needle play, o melhor comprimento será, geralmente, 1½" (32mm) ou ligeiramente maior, se disponível. Isso permite uma quantidade considerável de agulha sob a pele, com espaço de sobra de ambos os lados. Eu costumo usar agulhas 21G ou 22G, com 1" ou 1¼" (25 ou 30mm), pois são mais fáceis de conseguir e tem um custo baixíssimo.

Agulhas hipodérmicas normalmente tem um canhão de plástico usado para acoplá-las às seringas. A cor deste canhão geralmente indica o calibre da agulha.


Bisel
Variedade de biséis de agulha na ponta funcional das agulhas.


À direita, está um diagrama que mostra diferentes tipos de biseis de uma agulha.Ao invés de ser apenas cortada reta, a ponta de uma agulha hipodérmica é cortada em ângulo para produzir um fio de corte. Isso permite que elas penetrem mais facilmente na pele.


Quem não deve tentar needle play


Como a maior parte do BDSM, needle play não deve ser praticado sob influencia de drogas ou qualquer quantidade significante de álcool no seu corpo. Para a pessoa que está fazendo as perfurações, estar embriagado ou drogado pode ser bastante problemático, caso isso altere sua mira ou seu julgamento sobre o que é seguro e o que não é. Algumas drogas em excesso, mesmo as legalizadas, como cafeína, podem fazer suas mãos tremerem e isso torna difícil guiar a agulha para dentro de partes delicadas do corpo do seu parceiro.
Se você é quem está sendo perfurado, então algumas condições médicas e drogas podem tornar o needle play não recomendável. Caso você tome aspirina ou anticoagulantes, estes podem reduzir a sua capacidade de coagular o sangue. Naturalmente, ter agulhas espetadas em você pode causar um sangramento com facilidade e é importante que o sangue coagule logo.
Agulhas algumas vezes fazem as pessoas desmaiarem. Apenas a visão de agulhas pode fazer isso com algumas pessoas Caso sofra de Pressão Baixa, ou se estiver tendencioso a desmaiar quando estiver próximo de uma agulha, então talvez o needle play não seja para você. Caso você tenha a necessidade extrema de tentar, assegure-se de estar deitado, talvez até mesmo com os pés elevados para garantir que seu cérebro tenha bastante sangue. Além disso, avise a seu parceiro sobre a possibilidade do seu desmaio e garanta que ele faça a coisa certa e não entre em pânico. Desmaios são mais comuns de acontecerem em uma sala apertada ou mal-ventilada.


Higiene e prevenção de infecções


A menos que você normalmente troque fluidos com seu parceiro (como por serem parceiros sexuais regulares sem uso de preservativos), você precisa ter cuidado para garantir que não vai infeccionar seu parceiro com nenhuma doença que possa ter, e que você não seja infectado por nada do seu parceiro. E, mesmo que vocês compartilhem fluidos corporais, você deve garantir que nenhuma infecção penetre os furos que forem criados.

Use Luvas de látex

Porque as perfurações, necessariamente envolvem fazer buracos em pessoas, o sangramento é esperado, mesmo que seja apenas uma ou duas pequenas gotas. Usar luvas de látex, (você pode adquiri-las na maioria das farmácias ou até mesmo online) pode prevenir que o sangue espalhe a infecção entre você e seu parceiro. Mesmo que isso possa parecer uma proteção de mão única, luvas de látex também previnem que agulhas e quaisquer outros equipamentos que você use de serem contaminados pelo seu próprio suor (também um fluido corporal) ou qualquer coisa que possa sair da sua pele, como plasma sanguíneo através de pequenos arranhões ou esfolados. Estes podem então entrar na pessoa que você está furando através dos furos criados nelas.

Limpe e esterilize as partes do corpo que serão perfuradas

Use anti-sépticos ou lenços anti-sépticos descartáveis em todas as áreas onde for colocar agulhas. Isso irá reduzir o risco de uma agulha fisgar um inseto na pele do seu parceiro e levar para dentro de seu corpo. Lenços anti-sépticos descartáveis são encontrados em farmácias e, normalmente, vêm em pequenos pacotes selados que são abertos conforme requerido. Seja generoso com anti-séptico. É melhor usar muito que usar pouco.

Use apenas agulhas recém-saídas da embalagem.

Agulhas hipodérmicas geralmente vêm esterilizadas em pequenos pacotes semi-rígidos selados com papel alumínio. Elas terão uma bainha plástica protegendo a ponta viva da agulha. Abra os pacotes plásticos um de cada vez, conforme for precisando delas. Não apoie as pontas das agulhas em superfície alguma, pois podem ser contaminadas. Não use agulhas que tenham ficado largadas em algum lugar pela mesma razão. Não use agulhas cuja embalagem tenha sido violada.

Não reutilize agulhas

Agulhas são baratas. É uma boa prática de um ponto de vista de saúde e higiene usar uma nova agulha diretamente saída de sua embalagem estéril, para cada perfuração nova. Imediatamente descarte qualquer agulha usada na caixa coletora de perfurocortantes. Não as deixe por aí.
Dois hábitos muito bons são:

1.       Eliminar automaticamente com segurança as agulhas ao removê-las do corpo de seu parceiro, e
2.       Pegar  automaticamente uma nova agulha selada quando você quiser uma agulha para perfurar o seu parceiro.


Onde perfurar


Como agulhas hipodérmicas são relativamente pequenas e os furos criados cicatrizam bem rápido, a maioria das partes do corpo é potencial candidata à perfuração. No entanto, áreas onde existem muitos vasos sanguíneos próximos à superfície da pele podem promover algum excitamento pois sangrarão enquanto a agulha estiver no lugar, após a retirada ou ambos. Além disso, áreas onde existem muitas terminações nervosas devem ser evitadas, visto que estes locais podem demorar (muito) mais para curar, caso haja dano.
Agulha perfurando o corpo do pênis. Sangramento é comum
       em partes do corpo que são muito vascularizadas.

Tenha cuidado com o seguinte:
  • O interior das juntas, como a parte posterior dos joelhos, a parte anterior dos cotovelos, etc. – Existem muitos vasos sanguíneos e nervos sensíveis nestes locais.
  • Pênis, vulva, seios, testículos – também existe uma alta quantidade de sangue nestas áreas.
  • Face – Olhos são um perigo óbvio na face, mas existem diversas áreas muito sensíveis na face e muitos vasos sanguíneos próximos à superfície da pele nas bochechas.


Estas áreas podem ser boas:
  • Coxas
  • Nádegas
  • Braços
  • Abdome e umbigo
  • Ombros
  • Peito – especialmente próximo de,  ou incluindo os mamilos.

Como perfurar


Embora as partes mais eficazes do corpo para perfurar sejam lugares com genitais ou mamilos, quando você for começar a aprender como perfurar, deve praticar em partes menos sensíveis do corpo. Será útil se o seu parceiro tiver alguma experiência com esta prática, para que possa fornecer feedback, ou seja, para que possa te ajudar dizendo o que sente e o que pode ser feito para corrigir, caso ocorra um erro. Se você não tem um parceiro experiente, então deve começar a praticar fazendo perfurações bem superficiais para começar (se possível, em você mesmo) em áreas seguras, como a pele logo abaixo do umbigo ou a pele mais espessa nos antebraços e coxas.

Agora, em 3 passos simples:

  1. Encontre algum lugar onde possa pinçar a pele entre o polegar e o indicador;
  2. Com a outra mão, segure a agulha APENAS pela base plástica e direcione a agulha, de modo que a margem longa (veja o diagrama do bisel ao lado) esteja mais próxima da pele;
  3. Com um movimento contínuo e firme, empurre a agulha até o fim, através da dobra de pele, tendo cuidado para não se espetar.
Com prática, você conseguirá fazê-lo sem pinçar a pele. Neste caso, use os mesmos dois dedos para esticar a área a ser perfurada. incline levemente a agulha para que esta penetre a pele e então alinhe-a enquanto empurra, e, logo em seguida, incline-a para cima, para que o bisel saia da pele. Termine de empurrá-la até o fim. Esta forma é um pouco mais complexa, mas com tempo de prática, se torna mais fácil e permite posicionamentos mais próximos entre uma agulha e outra. E isso permitirá mais agilidade e outras facilidades, quando, por exemplo, conseguirá fazer com apenas uma mão.
Pode ser uma boa ideia prender a respiração enquanto estiver empurrando a agulha, pois isto pode lhe dar mais firmeza e estabilidade.


Técnica com agulhas de calibres maiores


Com agulhas de calibres maiores, é importante que a ponta da agulha esteja virada, de maneira que deslize para dentro, ao invés de deslizar por cima da pele.
O diagrama á direita mostra como isto deve ser feito. A imagem de cima mostra a maneira correta de perfurar com uma agulha de largo calibre através de pele pinçada. A ponta da agulha fica virada de maneira que a ponta do bisel "morda" a pele imediatamente ao contato.
O diagrama de baixo mostra a maneira errada. A superfície chanfrada está paralela à pele, Conforme a ponta é pressionada contra a pele, pode escorregar por cima, ao invés de penetrar. Fora criar um momento de "estranheza", existe um problema real de segurança e infecção aqui. Como a pele desvia a agulha para cima, existe uma chance maior de que a ponta vá para dentro do seu dedo (ou polegar, como poderia acontecer na situação mostrada no diagrama).


Removendo uma agulha


  1. Se você pinçou a pele para colocar a agulha antes, pode haver uma certa pressão na agulha. Se você retirá-la sem "re-pinçar" a apele, a ponta da agulha pode cortar a carne por dentro conforme a agulha sai. Se esse for o caso, pince a pele de novo antes de remover;
  2. Retire a agulha em um movimento rápido e firme;
  3. Como uma prevenção contra infecção, e especialmente caso haja algum sangramento, você pode aplicar alguma bandagem ou band-aid e antisséptico rapidamente sobre o local.
Lembre-se que esfregar a área com um desinfetante hospitalar (antisséptico) ou álcool após remover a agulha pode arder.
Conforme as agulhas são removidas, pode haver algum sangramento subcutâneo. Este sangue sendo vertido para dentro do tecido ao redor do furo pode causar hematomas.



Coisas para fazer uma vez que as agulhas estão no lugar


Perfurar seu parceiro com uma ou mais agulhas pode não ser o mais longe que a sua cena pode
se estender. Algumas pessoas combinam a perfuração com outras atividades como bondage, sensation play ou pain play.
Em termos de bondage, uma das coisas que a perfuração faz e criar pontos de ancoragem que podem ser usados para conter ou para prender coisas. Por exemplo, uma vez que um mamilo foi perfurado por uma agulha longa, como mostrado na ilustração à direita, você pode facilmente enlaçar um fio ou barbante em torno da agulha de maneira que possa puxar o mamilo. Você pode atar pequenos pesos, ou pode até prender pequenos guizos ou sinos aos mamilos da bottom, de maneira que quando se movam ou andem, você possa escutar o pequeno tilintar.
Ou  como na foto da esquerda, podem ser utilizadas agulhas em braços ou pernas, e, usando uma linha ou fita, unir o antebraço ao braço e restringir o movimento daquele membro.
Alguns Tops ou Dominantes farão várias perfurações ao longo do corpo do pênis de seus bottoms ou submissos como pontos de ancoragem para laços decorativos. Quando além destes também existem piercings (ou agulhas) na barriga do bottom homem, a extensão total do pênis pode ser posta sobre o ventre (ou pélvis) e ser amarrado pelos piercings até as agulhas, sobre a barriga.
Enquanto um dos pontos principais sobre o uso de agulhas hipodérmicas é o fato de que estas são desenvolvidas para causarem o mínimo de dor possível, elas são, ainda assim, agulhas, e podem ser usadas para criar dor ou sensações. Ambos podem ser criadas com as mesmas agulhas de diferentes maneiras:
  1. Use uma agulha de largo calibre. Quanto mais fina a agulha, maior é a probabilidade de evitar terminações nervosas e atravessar a pele sem causar nenhuma dor. Usando agulhas com maior diâmetro, essa possibilidade é reduzida e, como dito acima, as pontas das agulhas são desenvolvidas de modo que cortem o caminho através da carne. Em adição à isso, ao invés de usar um movimento rápido, você também pode empurrar a agulha lentamente através da pele ou carne para prolongar a agonia;
  2. Escolha algum lugar sensível. Áreas do corpo como antebraços, barriga, pênis e até mamilos, podem ser notavelmente robustos e resistentes à dor. Caso seu objetivo seja a dor, escolha algum lugar muito mais sensível, como escroto, a parte carnuda abaixo da língua, a pele macia na sola do pé ou as pequenas membrana de pele entre os dedos. Seja criativo;
  3. Uma vez que a agulha está no lugar, você pode puxá-la e girá-la para criar alguma sensação ou dor. Tenha cuidado com isso no que se refere à infecções porque, embora a pele vá cicatrizar naturalmente em volta da agulha uma vez que esta está no lugar, quando você a sacode ou move, acaba abrindo o buraco novamente. Tenha certeza de usar bastante desinfetante hospitalar (antisséptico) ou álcool;
  4. Novamente, uma vez que a agulha está no lugar, você pode apertar a parte do corpo em que a agulha está (ex. mamilo), de modo a pressionar a carne dentro da pele contra o metal correndo dentro desta;
  5. Como agulhas são tipicamente feitas de metal, e graças à condutividade elétrica do metal, agulhas podem se tornar lugares propícios para focar a atenção durante electrical play (práticas com choques e eletroestimulação).


Comparando Needle play com outras formas de plays no BDSM


Provavelmente as formas mais comuns de plays no BDSM caem nas categorias de bondage, impact play ou pain play. Needle play não se enquadra em nenhuma dessas porque não envolve nenhuma restrição, não inclui bater ou atingir nada, e porque, mesmo envolvendo agulhas, estas são hipodérmicas e são desenvolvidas especificamente para evitar a dor.
Talvez o que possamos dizer é que needle play é uma forma intensa de penetração. Requer que o submisso ou o bottom se posicione, imóvel, nas mãos do parceiro enquanto este, literalmente o penetra com agulhas afiadas. Existe, claramente, um forte elemento de entrega nisso. Não apenas a entrega a ser perfurado, mas também há a entrega necessária à manipulação envolvida, enquanto a pessoa sendo perfurada é posicionada e sua pele é pinçada - ou esticada - a cada vez que uma agulha é passada através da pele. 
Outra diferença significante em relação a outras práticas BDSM é que, embora seja definitivamente uma atividade física que requer muita técnica e atenção à segurança, ao final de uma cena de perfurações, não existem marcas (permanentes) ou cicatrizes. Podem ocorrer pequenos hematomas por sangramentos subcutâneos, mas fora isso, o efeito é quase completamente psicológico.
Provavelmente as atividades mais comparáveis sejam alguns tipos de cutting onde a lâmina apenas penetra poucas camadas superficiais da pele e não há sangramento, ou wax play (cera) ainda que essa não envolva a penetração da pele de maneira alguma.


Adendos e observações


  • Duas agulhas 18G cruzadas através dos lábios irão prevenir que um submisso desobediente fique falando;
  • Tenha muito cuidado quando usar agulhas como pontos de ancoragem durante o bondage. Elas podem facilmente rasgar a pele se forem puxadas com força;
  • Se seu parceiro estiver se movendo muito quando as agulhas já estiverem no lugar, as pontas das agulhas podem causar irritação ou sangramento;
  • Experimente sacudir levemente uma agulha já posicionada para ver a reação do seu parceiro;
  • Nunca toque a parte afiada da agulha, ou permita que entre em contato com nada, esta parte deve permanecer limpa e estéril para quando for removida (por exemplo: a aponta pode trazer germes para dentro da pele ao ser puxada de volta);
  • Alguns submissos irão prender a respiração durante a inserção da agulha. Isto é OK, tanto por estabilizar seus corpos e geralmente os ajuda a se focar, no entanto, garanta que a respiração volte ao normal imediatamente após a inserção. Alguns submissos ficarão tão concentrados que podem esquecer de voltar a respirar, e quando o fizerem, será com uma grande arfada, que pode ser bastante perigosa caso ocorra durante uma outra perfuração.


Sobre posicionamento das agulhas após a colocação


Uma coisa que sempre é dita a quem começa a praticar o needle play, mas nunca se dá uma explicação plausível, apenas o velho "foi assim que aprendi", é que, após a inserção, a abertura do bisel deve sempre ficar apontada para cima, ou seja, o "olho" da agulha, apontado para cima e a ponta afiada para baixo (apontada para a pele). Como nunca tive uma resposta razoável para isso e, por experiência própria tanto como Top quanto como bottom durante as experimentações das práticas, essa "regra" sempre me pareceu sem propósito senão o de arranhar o indivíduo perfurado, resolvi questionar o Peter sobre o assunto. Segue abaixo a resposta dele:

"Em resposta à sua questão sobre a posição da agulha, acho que depende do que o dominante está tentando atingir. O risco de arranhar pode ser uma boa coisa e pode encorajar o submisso a ficar imóvel. Se, por outro lado, você espera que o submisso possa se mover e andar por aí enquanto está perfurado, então eu creio que agulhas mais longas e rolhas devem ser considerados. Agulhas mais longas reduzem a possibilidade de arranhar e também reduzem o risco do movimento do submisso fazer a agulha escorregar de volta para dentro da pele. Além disso, com agulhas mais longas, é mais fácil de colocar pequenas rolhas ou aparadores na ponta da agulha para fazer as agulhas pararem de arranhar. Existe uma foto na página linkada abaixo mostrando agulhas longas e agulhas com rolhas (apesar de essas serem rolhas grandes, você pode comprar folhas grandes de cortiça e cortar pequenos cubos que funcionarão da mesma maneira. Descarte a rolha após o uso). Você também verá na foto que esse dominante em particular não se preocupou com a posição do bisel.


O ângulo da agulha (o bisel) é, creio, mais relevante com agulhas maiores. Não acho que exista uma grande diferença, no entanto, se o bisel está para cima ou para baixo. Se a ponta esfregar contra a pele, independente da posição do bisel, existe a possibilidade de arranhar ou cortar.

Peter"

OBS.: Infelizmente, o link que ele me passou não existe mais (ainda existia em março), mas encontrei produtos semelhantes à venda na Amazon.com: 

O Link 1 acabou me dando uma idéia que funcionaria tão bem quanto: protetores auriculares de espuma moldável. A 3M fabrica e é possível encontrar facilmente pacotes com 10 pares por preços como R$7, o que é um custo bem baixo, mas é possível encontrar de marcas menos famosas por preços ainda menores, ou importar pacotes com quantidades maiores, que reduzirá o custo individual ainda mais.



Bom, é isso. Espero que gostem. Fica aqui um agradecimento ao Peter por me permitir fazer essa tradução (demorei, mas finalmente terminei!).
Abaixo, uma sequência de fotos do meu arquivo pessoal. Até o próximo post!